Em meio a uma disputa de poder que envolve os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política), o governo tenta aprovar no Senado, ainda nesta semana, o salário mínimo de R$ 260. Para atrair apoio, deve sinalizar com uma proposta de recuperação do mínimo a médio prazo e programas sociais.
A votação está prevista para quarta, e os ministros e líderes de partidos aliados montaram um mutirão para tentar contornar as dificuldades detectadas no Senado, onde a resistência ao mínimo de R$ 260 tem sido maior do que na Câmara. Na terça, por exemplo, o secretário-executivo da Fazenda, Bernard Appy, reúne-se com líderes do PMDB e senadores do PT que se opõem à proposta do governo. “Será o dia D”, diz o líder do PMDB, Renan Calheiros.
Para a reunião, são esperados Cristovam Buarque (DF), Ana Júlia Carepa (PA) e Serys Schlessarenko (MS), petistas que ameaçam votar contra. O governo, aparentemente, só dá como perdido o voto de Paulo Paim (PT-RS).
Numa disputa que pode ser decidida por um ou dois votos, o apoio dos 12 senadores do PT é fundamental para que os líderes dos demais partidos aliados possam conter suas próprias dissidências. A idéia da reunião é dar discurso para que os dissidentes governistas possam apoiar o mínimo. Exemplo: a equipe econômica se compromete com uma política gradual de recuperação do poder de compra do mínimo ou com a implementação de medidas de caráter social.
Na avaliação da equipe econômica, uma eventual derrota não teria conseqüências macroeconômicas (Lula vetará qualquer valor aprovado acima de R$ 260).
Vários ingredientes dificultam a aprovação dos R$ 260, como a disputa de poder entre Dirceu e Aldo e a rejeição, pela Câmara, do projeto que permitiria a reeleição de José Sarney (PMDB-AP) e João Paulo Cunha (PT-SP) nas presidências do Senado e da Câmara.
A dúvida no governo é sobre qual será o comportamento dos senadores ligados a Sarney. Por via das dúvidas, pelo menos um deles, João Alberto (MA), foi agraciado com uma diretoria dos Correios no Maranhão. Na contabilidade do governo e da oposição, o Planalto vai precisar de ajuda no PSDB e no PFL. Os dois partidos fecharam questão contra o projeto. Por isso, a força-tarefa governista joga com a ausência de senadores desses partidos que votariam contra.
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