Depois de estabelecer um recorde negativo em abril, a taxa de desemprego recuou para 12,2% em maio, o que seria a primeira queda desde dezembro do ano passado. É o que diz a pesquisa mensal do emprego do IBGE, que aponta entre postos de trabalho fechados e abertos, um saldo positivo de 148 mil novas vagas nas seis principais regiões metropolitanas do país.
Aceitando-se como válidos os dados do IBGE, ainda assim convém que comemorações mais efusivas sejam contidas. Sem dúvida, não há porque duvidar que nos últimos meses a economia apresenta sinais de recuperação e que tais sinais são consistentes. Mas, ainda longe de ter um reflexo imediato no nível de emprego. Infelizmente, porém, não é o mercado que está puxando o emprego.
O próprio IBGE admite que estes números mais favoráveis foram puxados pelo setor público. Como, por impedimento da legislação eleitoral, governadores e prefeitos não podem contratar pessoal a partir do dia 3 de julho (90 dias antes das eleições), trataram de reforçar seus quadros administrativos nos meses anteriores. São Paulo, por exemplo, respondeu por 121 mil dos 148 mil novos postos de trabalho. Mas 67 mil foram gerados pelo poder público! Mais ou menos o que aconteceu em toda sua região metropolitana.
Já na construção civil e no comércio constatou-se redução de vagas. Ou seja, muito mais que ativação da economia, houve ação política. A pesquisa também confirma a persistente tendência de ser cada vez maior o número de trabalhadores sem carteira assinada. Não faz nenhum sentido, portanto, o alarido que faz o PT quando anuncia o aumento de novas vagas no mercado de trabalho. São exibidos apenas os números brutos que escondem um quadro pouco saudável.
Se a taxa de desemprego caiu por conta de impulsos eleitorais, também deverá cair no segundo semestre por razões sazonais (a economia no segundo semestre é tradicionalmente mais aquecida). Mas, isso será insuficiente. Todos os anos, mais de 1,5 milhão de jovens tentam entrar no mercado de trabalho, em disputa feroz e cruel com os já desempregados.
Que ninguém se iluda: sem reforma na legislação trabalhista que reduza os custos da geração de emprego e sem uma reforma tributária que alivie a iniciativa privada da carga brutal que lhe onera, o desafio do desemprego não será vencido nesta geração. Empregos gerados e pagos pelos contribuintes, decorrentes de ambições eleitoreiras, são apenas espasmos e soluços estatísticos.
|