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Estranha esta obsessão do presidente Lula em insistir neste projeto de criar um Conselho Federal de Jornalismo (Fenaj), uma visível tentativa de amordaçar os meios de comunicação e a imprensa escrita em particular. Estranha por várias razões: a primeira, porque o sr. Luiz Inácio Lula da Silva não é uma personalidade autoritária, ou pelo menos até há pouco não dava estes sinais; a segunda, porque com esta sua insistência de estabelecer novas censuras, ele consegue ficar na contramão da democracia e, uma terceira razão, além de outras, é que sua tese não conseguiu ganhar adeptos importantes em nenhum setor representativo da sociedade brasileira.
Pelo contrário, a boa consciência nacional está a repudiar vigorosamente mais esta tentativa de garroteamento da liberdade de imprensa. Há poucos dias, em pronunciamento na posse do novo diretor da Agência Brasileira de Investigação (Abin), o presidente voltou a "denunciar" o "denuncismo". (Mais uma vez atrapalhou-se com a concordância gramatical, mas isso não vem ao caso). Vale, porém, pedir licença para um breve registro: neste pronunciamento enfatizou o presidente que uma denúncia só pode se tornar pública "quando estiver embasada em fatos verdadeiros" (sic). Ou seja, o presidente fez uma notável inovação no campo da lógica, pois introduziu nele uma nova categoria de fatos, os que não verdadeiros!
O fato falso, um conceito revolucionário que nem mesmo o gênio do célebre filósofo Wittgenstein, especialistas nestas coisas, e autor do monumental Tractatus lógico-philosophicus, foi capaz de intuir ou perceber. Pois é, como observou o historiador José Murilo de Carvalho: o governo vive um surto autoritário e tem errado muito na política. Textualmente: "O governo parece gostar de se sabotear.
Quando a economia começa a lhe render dividendos de popularidade, os comissários atacam de censores". É a inscrição genética do velho ranço stalinista no PT. Felizmente, neste caso, a assessoria de Lula mais uma vez dá provas de sua abissal incompetência, pois a proposta só não é mais grave e truculenta porque é de uma indigência intelectual e jurídica de dar dó.
Que o exílio em Cuba tenha deixado traços autoritários em alguns dos atuais e mais próximos auxiliares do presidente Lula até se compreende, mas que muitos anos depois do exílio, na fruição de merecidas férias na sensual tropicalidade da ilha de Fidel estes traços tenham se revigorado é que é difícil de entender.
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