Brasil ganha sua primeira medalha nos Jogos Paraolímpicos

 

Esporte - 19/09/2004 - 10:03:56

 

Brasil ganha sua primeira medalha nos Jogos Paraolímpicos

Judoca entra para a história do judô brasileiro

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

O tatame dos Jogos de Atenas volta a tremer. A primeira medalha do Brasil na Paraolimpíada veio da judoca Karla Cardoso. A menina, de 22 anos, conquistou a prata. Com o feito, a atleta entra para a história por ser a primeira brasileira a conquistar uma medalha nesta modalidade, entre olímpicos e paraolímpicos.   Para conseguir a prata, Karla teve que enfrentar suas principais adversárias. Às 14h foi a vez de lutar contra a alemã Astrid Arndt. As duas atletas levaram advertência por causa da falta de combatividade; depois empataram no koka e a luta foi para o golden score (desempate). Karla fez o waza ari e conquistou a vaga para disputar a final.   Numa difícil luta decisiva na final, a brasileira perdeu o ouro para a francesa Karima Mejeded. “O meu objetivo era levar o ouro para o Brasil, mas acho que não estava no meu dia, mesmo assim sei da importância da conquista do segundo lugar”, afirmou emocionada ao final da luta. Aos 4m14s a adversária da brasileira foi advertida e Karla ganhou um koka. Depois disso, a francesa resolveu atacar e ganhou dez pontos com o yuko e finalizou o combate com ippon.   “A conquista deste título comprova mais uma vez a força do judô no Brasil. O País é forte no judô olímpico, no paraolímpico, no militar e no universitário. Devemos essa conquista essencialmente ao processo de inclusão. Hoje, a equipe realiza atividades com os olímpicos e participa de diversos intercâmbios”, afirma Walter Russo, coordenador do judô paraolímpico no Brasil.   Karla Cardoso é fruto de um trabalho iniciado em 2001 e que já demonstra uma significativa evolução. No ano seguinte, a equipe de judô feminino participou de um Mundial em Roma. Já em 2003, as meninas arrasaram no Mundial de Quebec, onde conquistaram três vagas.   Perfil de Karla Cardoso:   ALTURA – 1m57 PESO – 48kg NASCIMENTO: 18/11/1981 LOCAL: RIO DE JANEIRO – RJ CLASSE B3 DEFICIÊNCIA: VISUAL TÉCNICO: JAIME BATISTA CLUBE: CESEC – CENTRO DE EMANCIPAÇÃO SOCIAL PARA CEGOS PRINCIPAIS TÍTULOS: Campeã (olímpica) da Copa Estadual Seishin do Rio, em 1998; Ouro (como olímpica), no Campeonato Carioca, em 1998; Campeã paraolímpica dos Grand Prix realizados em 2003; Ouro individual (melhor do mundo na categoria -48kg) e prata por equipe no Mundial da IBSA, no Canadá, em 2003. Medalha de prata na Paraolimpíada de Atenas.   A jovialidade e a maturidade são as primeiras coisas que impressionam na judoca Karla Cardoso, esta carioca de 22 anos. A atleta, da classe B3, possui hipermetropia e astigmatismo de nascença, que aos poucos vêm tirando a visão da jovem. Karla ingressou na modalidade por acaso, no início da adolescência, para acompanhar o irmão, recomendado na época a praticar o esporte por causa da bronquite. Apelidada de “Pimenta” na infância, pela mãe, a judoca encontra nos livros, filmes e na praia os seus poucos momentos de descanso, pois, treina pelo menos duas horas por dia e cursa Educação Física na Universidade Estácio de Sá, na Cidade Maravilhosa. Sempre impressionou a todos com o talento para o judô, principalmente pela força. A jovem, de temperamento forte, admira e segue os exemplos de raça e técnica dos judocas Flávio Canto e Sebastian Pereira. Ídolos que parecem trilhar brilhantemente a vida da garota, campeã individual na categoria (-48kg) e vice-campeã por equipe no Mundial da Federação Internacional de Esportes para Cegos-IBSA, em agosto de 2003, no Canadá. A meta agora, aos poucos dias de Atenas, é apenas uma: a medalha. “Estou treinando muito para isso e tenho tudo para conseguir”, afirma confiante a deusa paraolímpica.       Saiba mais sobre o judô paraolímpico:   Atletas cegos ou deficientes visuais lutam pelo ouro segundo as mesmas regras de competição da Federação Internacional de Judô-IJF. A deficiência faz com que os judocas agucem sua sensibilidade, instinto, tato e senso de equilíbrio. Poucos aspectos diferem as competições do judô paraolímpico dos outros eventos de alto nível da modalidade. São eles: a interrupção da luta quando os oponentes perdem o contato e não há punições para quem sai da área de combate.   Os combates duram cinco minutos e o sistema de pontuação segue o padrão olímpico. O ippon decreta a vitória de quem o conseguiu. Há várias maneiras de obtê-lo: quando o adversário cai com as costas no chão, imobilização durante 25 segundos, a realização de dois waza aris na mesma luta, estrangulamento ou chave-de-braço (nestes dois últimos casos, o oponente bate três vezes no tatame, em sinal de desistência). Para fazer um waza ari, a queda do judoca deve ser com parte das costas ou deve ocorrer uma imobilização que dure entre 20 e 24 segundo. O yuko é caracterizado pela queda lateral e o koka ocorre quando um judoca é derrubado e cai sentado no tatame.   As punições são chamadas de shidos. Na primeira vez, o shido significa um koka para o adversário. Caso o mesmo judoca receba o segundo shido, o oponente ganha um yuko. Uma terceira punição resulta num waza ari contra quem comete a infração. Se o atleta for penalizado pela quarta vez, a luta acaba imediatamente por desclassificação. Cada competidor, assim como no judô olímpico, deve usar um quimono de cor diferente – azul e branca. Na modalidade paraolímpica, esta diferenciação de cores serve para o árbitro indicar quem pontuou, recebeu punições ou venceu.

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