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O ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso há muitos anos organiza seminários sobre o Brasil, muitos deles depois editados pela Fundação Getúlio Vargas. São estudos valiosos, elaborados por economistas, sociólogos, cientistas políticos e outros profissionais a maior e melhor qualificação técnica disponíveis em nosso País.
No último Fórum Nacional, por ele dirigido e encerrado há poucos dias, o tema escolhido foi uma visão de longo prazo do Brasil e a evolução do nosso quadro social nos últimos vinte anos. De um modo geral a situação melhorou, embora tivessem ocorridos algumas interrupções negativas no curso evolutivo de nossos avanços. A expectativa de vida melhorou muito, a taxa de alfabetização deu um salto significativo e o produto interno bruto (PIB) cresceu 5,7% anualmente durante os primeiros 80 anos, declinando para mais ou menos 2% no final do século. (A década de ouro foram os anos 70 - PIB alto e inflação relativamente baixa).
Uma das pesquisadoras que apresentou seu trabalho no Fórum, Sônia Rocha, demonstrou que o quadro da pobreza também melhorou nos últimos 30 anos. E foram várias as razões -desde a expansão dos serviços públicos, a ampliação dos benefícios sociais a Previdência até uma série de programas sociais, especialmente Bolsa- Escola, agora transformado em Bolsa-Família.
Este é um programa reconhecido e elogiado mundialmente. Como se sabe, para fazer jus a seus benefícios as famílias têm de vacinar os filhos na data certa, comprovarem a freqüência em pelo menos 85% das aulas dos seus cursos, além de outras exigências (o governo acaba de entregar o cartão de número 5 milhões deste programa). Uma portaria demagógica do ministro de Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, absurdamente dispensou tais exigências. Foi o suficiente para desmoralizar o programa e deflagrar uma série de irregularidades na sua concessão. Pois bem, agora, para corrigir esta monumental bobagem o ministro inventou uma medida ainda mais desastrosa - doravante, para um "controle mais rigoroso", as crianças deverão bater ponto com um cartão-eletrônico nas entradas e saídas das aulas.
Como disse o professor José Pastore: um País do 8 ou do 80. Um programa que estava funcionando exemplarmente é danificado por uma medida estúpida e ilegal (uma portaria não pode obviamente revogar uma lei que contemplava as exigências) e para corrigir o dano adota-se uma medida mais estúpida ainda. Só quem vai ganhar com esta nova bobagem será a empresa que vai implantar esta parafernália eletrônica para controlar a vida das crianças. Esta medida anunciada pelo ministro Patrus Ananias se insere bem no projeto do PT de centralização de poder e controle da sociedade demonstrado até agora.
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