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Depois de mais de duas horas de reunião com a cúpula da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu desafiar seus antigos companheiros. No encontro, os sindicalistas foram informados que o PL-9 – projeto de lei que limita um teto salarial para a aposentadoria dos novos servidores – será colocado em votação logo depois do Carnaval.
Mas o primeiro-tesoureiro da CUT e presidente do PSTU, José Maria de Almeida, diz que está marcada uma plenária para o dia 23 de março contra a aprovação do PL-9. “Se esse projeto entrar em votação e for aprovado, o funcionalismo público vai entrar em greve. E não adianta o Governo reclamar, pois foi avisado hoje (ontem) sobre a paralisação”.
Depois do encontro, Lula fez duras críticas à atuação dos sindicatos e deixou claro que muitas reivindicações das entidades de classe, como o pedido de reajuste de 46,95% para os funcionários públicos, esbarram em dificuldades estruturais e orçamentárias. Em discurso durante solenidade no Planalto, Lula disse que as entidades de classe deveriam ser menos corporativas, lutar pelos excluídos e ter maior preocupação com as coisas que acontecem em Brasília, como a discussão da reforma tributária e o debate anual no Congresso para a elaboração do Orçamento.
“Lamentavelmente, o movimento sindical só representa aqueles que estão incluídos. Os excluídos estão marginalizados na representação das entidades”, disse Lula, ao empossar o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, para o comando do Conselho de Segurança Alimentar (Consea), órgão que conduzirá o programa Fome Zero. O presidente avalia que os líderes sindicais devem se preocupar mais com a elaboração do Orçamento, porque, dessa forma, poderão ter mais sucesso para garantir recursos para um maior reajuste de salários.
A CUT já havia se posicionado contra à aprovação do PL-9, que também propõe a criação de regimes de previdência complementar patrocinados pela União, Estados e municípios para os funcionários públicos que quiserem um benefício maior.
Logo depois do encontro com a CUT – central historicamente alinhada a Lula e ao PT –, Zé Maria disse que o presidente repetiu os mesmos argumentos de sempre para implantar medidas polêmicas, como reforma da Previdência, corte de gastos públicos, elevação dos juros e da meta de superávit primário. “Lula recorreu ao cenário político internacional e à situação deixada pelo governo anterior para justificar a tomada de medidas como essa, que sempre foram condenadas pela CUT, PT e partidos de esquerda. Ele disse que era preciso pensar no risco-Brasil, ajuste fiscal e estabilidade monetária, ou seja, repetiu o discurso que assumiu desde a posse”, disse Zé Maria.
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