Com a subida dos juros - que, segundo tudo indica, será mantida pelo Banco Central nos próximos meses - o crédito se torna escasso, inibindo o consumo e complicando a vida das empresas. Estas têm que pagar caro pelo dinheiro que tomam emprestado para financiar seus projetos de expansão, os quais, por isso mesmo, em inúmeros casos terminam sendo adiados ou simplesmente abandonados.
Num tal cenário, como é evidente, a retomada do crescimento econômico se dá em condições bem mais lentas e a taxas diminutas, aquém do que precisariam ser. A consequência é que, sem estímulos internos, as grandes empresas brasileiras vão buscar recursos no exterior a juros muito mais baixos, mas essa alternativa - por motivos diversos - é difícil para as empresas de menor porte, que, assim, são obrigadas a atuar em regime de aperto permanente: não progridem nem criam novos empregos.
É um problema grave, este, a que o BC e o Governo deveriam dedicar mais atenção quando da definição dos juros básicos, já que a política draconiana atual, de altas taxas para conter a inflação, pode significar um tiro pela culatra.
Para se ter uma idéia da situação, basta citar que o juro real médio, no Brasil, está em torno de 16% ao ano, enquanto nos Estados Unidos é de 4% e, no Chile, apenas 3%. Se o Governo considera indispensável a sua diretriz dos juros estratosféricos, lhe caberia aliviar outros fatores de pressão sobre os custos das atividades empresariais, porém, isto também não acontece.
Ao contrário, mesmo os investimentos direcionados a ampliar a produção sofrem pesada carga tributária, da ordem de 30% do montante aplicado. Inversamente, nos já citados Chile e EUA, entre outros países, o que há são incentivos aos investimentos de 4% e 7% de redução dos impostos, respectivamente.
A isto se somam, no Brasil, encargos trabalhistas excessivos e absolutamente irracionais na moderna conjuntura econômica. Eles oneram em demasia as empresas e o mais suave de seus efeitos é inibir o aumento do quadro funcional. Na maioria dos casos, outra saída não há, senão a dispensa de vastas parcelas da mão-de-obra.
Sem investimento não há crescimento. É um princípio econômico elementar, ao qual o Governo, todavia, não tem dado a importância que se impõe. A impressão predominante é de que há esperança de que os recursos surjam por graça divina, ou sejam aplicados sem nenhuma garantia de retorno, só por causa do patriotismo dos empresários.
O mundo real é diferente. É movido pelo pragmatismo e exige regras claras. É isto que as nossas autoridades têm que ter em mente em relação ao assunto, pois, de outro modo, os investimentos produtivos não virão na escala necessária e o País e a sociedade é que perdem com isto.
|