Milhões de pessoas chegam a Roma nesta terça-feira para se despedir de João Paulo II, que será enterrado na sexta-feira, enquanto os cardeais se reúnem no Vaticano para decidir a data do conclave que elegerá o próximo papa. Ao longo da noite, segundo a imprensa italiana, mais de meio milhão de pessoas observaram o corpo do Sumo Pontífice, levado na segunda-feira para o altar principal da Basílica de São Pedro. A cripta do templo será o local do sepultamento de João Paulo II. Dezenas de milhares de fiéis, em sua maioria jovens, esperavam pacientemente, em um ambiente fraternal e festivo-religioso, em uma fila interminável para poder prestar uma última homenagem ao único papa que a maioria deles conhececeu em toda a vida.
"Muitas pessoas dormiram no chão esta noite", conta Valeria Mecozzi, uma voluntária do serviço de proteção civil. "Porém, não houve incidentes, as pessoas estavam tranqüilas", acrescenta em meio ao intenso ir e vir de fiéis.
Entre dois e quatro milhões de pessoas de todas as origens, assim como muitos chefes de Estado e de Governo e outras personalidades, são esperadas em Roma para os funerais com a maior presença de público da história.
A missa, oficiada pelo decano do colégio cardinalício, o alemão Joseph Ratzinger, contará com a participação de todos os cardeais e os patriarcas das Igrejas orientais (vinculadas ao Vaticano).
Depois, Karol Wojtyla será enterrado na cripta, como manda a tradição, e não na Polônia como gostariam muitos de seus compatriotas, já que não deixou nenhum testamento em outro sentido.
Possivelmente ocupará o lugar que ficou vago após o traslado da tumba de João XXIII por sua beatificação. O falecido Papa, que beatificou o maior número de pessoas na história da Igreja e que já é venerado como um santo, pode seguir rapidamente o mesmo caminho e estabelecer um novo recorde de processo de canonização.
Em todo o mundo começam a surgir os anúncios dos milagres realizados por João Paulo II em suas 104 viagens pastorais em quase 27 anos de pontificado. No México, por exemplo, uma família de Zacatecas garante que o Papa curou seu filho de leucemia em 1990, quando este havia sido desenganado pelos médicos, um fato documentado pela diocese local.
Como os peregrinos, cardeais do mundo inteiro continuam chegando ao Vaticano para participar das reuniões da congregação cardinalícia.
Nesta terça-feira acontece a terceira reunião de cardeais desde a morte de João Paulo II na noite de sábado, destinada a decidir a data de início do Conclave, no qual os 117 cardeais com menos de 80 anos elegerão o próximo ocupante do trono de São Pedro.
Nas duas primeiras reuniões, celebradas na segunda-feira, os religiosos decidiram os detalhes dos funerais e do enterro do Papa. As decisões foram anunciadas pelo porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro Valls, já que todos os cardeais estão submetidos a um juramento de silêncio sob pena de excomunhão.
As autoridades italianas colocaram em funcionamento um imponente dispositivo de segurança, que inclui 6,5 militares e policiais, e anunciaram o fechamento do espaço aéreo no dia dos funerais de Estado, para receber a avalanche de peregrinos e os vários chefes de Estado e de Governo que já começaram a provocar um colapso na cidade eterna.
|