Cardeais trocam celas por suítes para participar de conclave

 

Internacional - 15/04/2005 - 11:50:21

 

Cardeais trocam celas por suítes para participar de conclave

 

Da Redação com Reuters

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

No conclave de 1978, que o elegeu papa, o cardeal Karol Wojtyla ocupou a espartana cela de número 91. Agora, o sucessor dele ficará hospedado em um quarto confortável com banheiro privativo. Pela primeira vez em centenas de anos, os cardeais da Igreja Católica não enfrentarão mais o sofrimento de ficar trancados até que consigam eleger um novo pontífice.

No século 20, os "príncipes da Igreja" eram fechados quase hermeticamente dentro da Capela Sistina e do Palácio Apostólico, perto da basílica de São Pedro, até que elegessem o líder da Igreja.

Isso significava que um grupo de homens de idade, alguns já bastante velhos e doentes, era obrigado a comer, dormir e fazer a higiene pessoal sem qualquer privacidade e dentro de locais cujas portas e janelas permaneciam trancadas.

Como legado para os atuais e futuros cardeais, o papa João Paulo II mandou construir um hotel de cinco andares dentro dos jardins do Vaticano, perto da basílica de São Pedro. A obra custou 20 milhões de dólares. Sem poder ser comparado aos hotéis mais elegantes do mundo, o Domus Sanctae Marthae não destoaria se tivesse sido erguido em um bairro nobre de uma grande capital européia.

Os 115 cardeais aptos para votar no conclave começam o processo na segunda-feira e ficarão acomodados no hotel, que possui 108 suítes, cada uma com uma sala e um quarto, e 23 quartos simples. Todos possuem banheiro privativo.

A reclusão dos cardeais tem por objetivo fazer com que eles se concentrem apenas na escolha de um novo líder da Igreja Católica - antigamente, homens acostumados a uma vida cômoda viam-se obrigados a arrumar suas próprias camas em celas divididas por finas placas de madeira.

"Estávamos morrendo de calor. A sensação de asfixia parecia estar dominando as pessoas e eu notei que alguns cardeais estavam à beira do colapso", disse o cardeal Giuseppe Siri, a respeito do conclave de 1978. A declaração consta do livro "Conclave", de John Allen.

E agora, poderiam os cardeais se acomodar no luxo e demorar para escolher seu novo líder? Poucos acreditam nisso. Mas João Paulo II parece ter pensado na hipótese ao impor novas regras ao processo.

Os cardeais podem abrir mão da necessidade de eleger um papa com dois terços mais um dos votos e escolhê-lo por maioria simples. As novas regras também proíbem qualquer um de se aproximar dos c-rdeais ¿ uma medida que visa preservar o caráter sigiloso do conclave. Se isso acontecer, a pessoa acusada pode receber a mais grave das penas, a excomunhão.

Os cardeais não possuem computadores, televisão ou telefones celulares. E eles não podem escrever para ninguém. Padres estarão disponíveis para ouvir confissões e dois médicos farão plantões para o caso de alguma emergência. Vários funcionários ficarão encarregados de preparar as refeições dos cardeais e de limpar os aposentos deles.

Todas essas pessoas tiveram de fazer um juramento de silêncio. O Vaticano preocupa-se tanto com o caráter sigiloso do conclave, que até mandou especialistas da área de segurança vasculharem o hotel e a Capela Sistina atrás de escutas, microfones e minicâmeras.

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