A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, disse nesta quarta-feira que a Petrobras diminuirá seus investimentos na Bolívia, após a promulgação da lei que aumentou impostos para empresas estrangeiras que exploram petróleo e gás no país vizinho.
"A promulgação da lei vai produzir alteração na estratégia de investimento da Petrobras na Bolívia, no sentido que ela vai diminuir a expansão dos investimentos... agora ela vai reescalonar ou defasar os projetos", disse a ministra a jornalistas após audiência no Palácio do Planalto.
A ministra ressaltou no entanto que não existe interesse da estatal brasileira em se retirar do país, onde está desde 1996 e já investiu mais de US$ 1,5 bilhão.
Segundo a ministra, a Petrobras está fazendo uma análise da situação para decidir sobre o futuro dos projetos na Bolívia. A Petrobras tem três projetos em estudo que somam mais de US$ 2 bilhões, informou. Um deles é o pólo gás quimico, na fronteira entre os dois países, além de expansão da exploração de petróleo e gás.
A Petrobras é a maior companhia da Bolívia e explora, entre outros, os dois maiores blocos de gás do país, San Alberto e San Antonio. A produção de petróleo e gás natural é de cerca de 52 mil barris de óleo equivalente por dia, a maior parte vendida para o Brasil.
Com a nova lei, que elevou impostos de produção em 32%, além dos 18% já existentes, os custos serão maiores para a empresas. A ministra no entanto disse que ainda não houve nenhuma indicação de que o gás boliviano adquirido pelo Brasil sofrerá ajustes.
"Os preços do gás comprado pelo Brasil foram negociados por meio de contratos com prazos de 20 anos", lembrou a ministra, afirmando que ainda não há decisão se o governo brasileiro vai pedir arbitragem internacional para a mudança de regras no país vizinho.
A ministra ressaltou que o Brasil vai manter a política de desenvolvimento interno de produção de gás natural, e citou a antecipação do início das operações do campo de Mexilhão, na bacia de Santos, para pelo menos meados de 2008, como já foi anunciado.
"A nossa estratégia é de aumentar o componente nacional na nossa produção de gás" afirmou a ministra. Atualmente, a importação de gás da Bolívia gira em torno dos 27 milhões de metros cúbicos diários.
Segundo Dilma, a Argentina vai sofrer mais do que o Brasil com a nova lei boliviana, já que depende mais do gás daquele país. "Os argentinos chegam a consumir 120 milhões de metros cúbicos de gás por dia, enquanto no Brasil não passa de 42 milhões de metros cúbicos (no pico do consumo)", informou.
Ela antecipou que irá entrar em contato ainda esta semana com ministros da Bolívia para discutir a questão do gás.
Carro-bomba
Na semana passada, um carro-bomba de poder destrutivo quase nulo explodiu ao lado do escritório da empresa no país andino. O grupo "Frente Patriótica" assumiu a autoria, dizendo que perpetra outros atos terroristas para garantir que a exploração de petróleo e gás seja feita por empresas bolivianas.
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