O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu reagir à política praticada por sua base no Congresso e afirmou, em um desabafo a quatro governadores e dois ministros, que "não vale a pena pagar o preço cobrado pelos aliados" para garantir sua reeleição, informou o jornal Folha de S.Paulo. "Não vou vender minha alma ao Diabo para me reeleger", disse o presidente, segundo um dos participantes do jantar, que invadiu a madrugada de ontem.
Lula, segundo seus convidados, entre eles o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PPS), se referia à exigência de cargos e de atendimento às emendas de parlamentares.
Também presente, o governador do Tocantins, Marcelo Miranda (sem partido), disse que Lula pediu apoio à sua reeleição. "A tendência é afunilarmos a discussão. Em breve estarei reunido com o presidente em uma audiência", afirmou.
Estavam presentes ainda os governadores do Espírito Santo, Paulo Hartung (sem partido), e da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), além dos ministros Ciro Gomes (Integração Nacional) e José Dirceu (Casa Civil).
Lula ainda teria lamentado que, em um momento de recuperação econômica, tenha de se sentar com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, para negociar cargos.
Segundo a Folha de S.Paulo, o presidente também apontou o PT como responsável pela tormenta que o governo atravessa. Segundo um dos participantes, Lula chegou a admitir que a disputa interna pelo direito de concorrer ao governo de São Paulo contaminou as relações no Legislativo, impedindo a aprovação da emenda que permitiria a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado.
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