Reportagem da revista Época que começa a circular neste domingo faz mais denúncias ao deputado federal e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ), citado recentemente em suposto esquema de propinas nos Correios e cujo partido também estaria envolvido em irregularidades no Instituto de Resseguros do Brasil. O deputado integra a base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com a Época, Jefferson estaria utilizando o dono de uma sorveteria em Cabo Frio (RJ) como "laranja", ou seja, teria passado bens para o nome do sorveteiro na intenção de ocultar seu patrimônio pessoal.
Apesar de pobre, um ex-funcionário do gabinete de Jefferson, Durval da Silva Monteiro, é sócio de duas emissoras de rádio no interior do Rio de Janeiro. Uma delas, a Matozinho FM, de Três Rios, diz ele, foi presente do parlamentar em reconhecimento a "serviços prestados".
Durval nega ser "laranja" de Jefferson, mas revela não ter muito conhecimento da empresa que supostamente recebeu das mãos do parlamentar. Ele desconhece até o nome de seu sócio na Matozinho FM - o empresário Edson Elias Bastos Jorge, conhecido como Boy. Quanto à outra rádio na qual aparece como um dos proprietários - a Rádio Clube Vale do Paraíba, em Paraíba do Sul -, Durval Monteiro afirma que nem sabia de sua participação no negócio. Tanto o município de Três Rios como Paraíba do Sul são redutos eleitorais de Jefferson.
Apesar de inicialmente negar ser testa-de-ferro do deputado, Durval chegou a dizer à Época que Jefferson não deveria deixar as rádios em seu nome, alegando que isso traria problemas ao parlamentar "no futuro", por conta da ligação entre os dois. A respeito da Matozinho, o suposto "laranja" revelou que nunca recebeu um tostão, apesar de ser sócio há quase 20 anos do empreendimento. Ele diz que não tinha dinheiro para comprar os equipamentos e, na época, recebeu a promessa de que receberia o dinheiro quando a rádio começasse a "dar lucro".
Em discurso recente, feito para se defender das denúncias de envolvimento em corrupção nos Correios, Jefferson afirmou na Câmara que possui apenas uma casa em Petrópolis e um escritório no Rio.
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