Crise política abala projeto de reeleição de Lula

 

Politica - 20/06/2005 - 10:47:39

 

Crise política abala projeto de reeleição de Lula

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

A crise política gerada pelo escândalo dos Correios e das denúncias de "mensalão" em Brasília já começam a causar impactos na agenda política para 2006. Nomes da própria base aliada avaliam que as chances de reeleição de Lula, mesmo num segundo turno, começam a cair e tendem a piorar, caso o presidente não consiga restabelecer o controle das atividades políticas no Congresso Nacional. Se preocupa o Governo, a crise não passa despercebida pela oposição. Dirigentes do PFL já questionam a viabilidade do nome do prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (PFL), como adversário do presidente. E no ninho tucano, o nome do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), começa a perder força para o do prefeito da Capital, José Serra. Na avaliação de um peemedebista com boas relações no Palácio do Planalto, por mais que o presidente e os governistas tentem manter a calma, a crise é muito mais grave que aparenta. ¿Na minha humilde avaliação, a reeleição acabou. Mais cedo ou mais tarde, chega tudo no presidente. O tempo da conversa e do carisma passou. A crise só piora a tendência já crescente de que agora é preciso alguém que mostre trabalho e seriedade para a população. Estas duas qualidades o presidente não tem¿, afirmou o aliado de Lula. Quanto ao nome ideal para a sucessão, o peemedebista não arrisca ninguém. ¿Poderia ser o Alckmin, se o PSDB conseguisse nacionalizá-lo, mas ainda é muito cedo¿, afirma. Se não dá nomes dos possíveis vencedores, a liderança sentencia quem não tem chances. ¿César Maia? É um falastrão. Não tem como enfrentar o Lula. Aécio? Não sei se passa por uma devassa moral¿, alfineta. Oficialmente o PFL mantém o discurso de que a pré-candidatura do prefeito César Maia está firme. ¿A sociedade espera um candidato que mostre capacidade administrativa; competência e que seja blindado do ponto de vista moral. Já escolhemos um candidato com estas características¿, afirmou o presidente nacional do partido, Jorge Bornhausen (SC), durante a ¿refundação¿ do PFL na semana passada em Brasília. Maia também mantém o discurso de candidato, com muitas críticas ao atual Governo e com propostas de grande impacto popular, caso da geração de empregos, nova bandeira do partido. No entanto, nos bastidores, dirigentes do PFL revelam que Maia estaria desanimado com a possibilidade de enfrentar Lula nas urnas em 2006, mesmo diante da crise. Segundo um pefelista com passe livre na cúpula partidária, César Maia preferia esperar, concluir o mandato como prefeito do Rio de Janeiro e, assim, credenciar-se mais para um embate em 2010. ¿Ele acha que seria melhor esperar, mas o partido avalia que esta é a hora. Então, como bom partidário, ele obedece¿, explica o pefelista. A crise, no entanto, poderia trazer um novo rumo para a eleição em 2006. Na avaliação do dirigente pefelista, somada ao desencanto da população pelo desempenho insatisfatório do Governo na área social, a crise política que envolveu o partido do presidente em denúncias de corrupção pode levar o eleitor a optar por uma posição mais conservadora nas urnas. ¿Em 2002, o eleitor falou: vou votar no operário. Só que veio o fracasso. As promessas não foram cumpridas. Com isso, o eleitor pode chegar às urnas e escolher outro perfil: será a vez do ¿acadêmico¿ voltar¿, observou. Entre os tucanos, a avaliação é semelhante quanto à necessidade de um candidato que reúna as qualidades citadas pelo PFL. Segundo um parlamentar de diálogo fácil com o comando do PSDB, o nome mais forte neste sentido é o do prefeito de São Paulo, José Serra. ¿Em todas as pesquisas feitas nacionalmente, o PSDB leva a disputa para o segundo turno se o Serra é o candidato. Com Aécio ou Alckmin, descontados Minas Gerais e São Paulo onde teriam votação expressiva, os percentuais do PSDB caem para um dígito. Com Serra, a briga é pela presidência. Com os demais, a briga é pela vaga no segundo turno¿, explica a liderança. A retomada do prefeito paulistano é comprovada nas pesquisas mais recentes. Segundo a mais recente pesquisa CNI-Ibope divulgada, num cenário em que os candidatos em 2006 seriam Lula, Serra, o secretário de Governo do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PMDB), o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (PFL), e a senadora Heloísa Helena (PSol), o presidente teria que disputar o segundo turno com o tucano com 38% das intenções de voto, contra 29% potencialmente dados a Serra. O tucano caiu nas pesquisas em relação a novembro de 2004 e março deste ano, mas o presidente também perdeu pontos no período. Com Alckmin na disputa, a pesquisa revela que a briga iria para o segundo turno, mas o tucano teria que disputar espaço com Garotinho, com quem aparece empatado tecnicamente desde novembro de 2004. Neste cenário, César Maia fica com a metade dos potenciais votos do tucano ou do peemedebista. Se Aécio entra na disputa, a situação fica mais fácil para o Governo: Lula iria para o segundo turno por pouco ¿ 47% das intenções de voto ¿ mas o tucano ficaria de fora do páreo, já que Garotinho figura como o segundo colocado. A pergunta ¿em quem você votaria se as eleições fossem hoje?¿ confirma a avaliação de aliados e da oposição: o nome mais forte entre os adversários é o de Serra, que teria 30% dos votos contra 39% dados ao presidente Lula. ¿Ainda assim, achamos cedo para bater o martelo quanto a sua candidatura, mas o meu palpite é de que se tiver claro que há chances de vitória, o Serra sai como candidato. Por enquanto, não é possível dizer se poderá ser o nome do PSDB, mas eu garanto: ele quer e muito¿, avisa a liderança tucana.

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