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A relação entre o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o empresário Marcos Valério Fernandes - acusado de operar o esquema de mensalão - está registrada em papel. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, documentos do próprio PT colocam Delúbio na hora e no local dos encontros previstos na agenda apresentada po Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Marcos Valério, à Polícia Federal. O demonstrativos de passagens e faturas de hotel, o roteiro de Delúbio coincide com a agenda em ao menos cinco dos sete encontros programados entre maio e dezembro de 2003. No registro de 10 de junho, por exemplo, a agenda traz a orientação "ver com Edilene (Cruz, secretária do petista) o horário que Delúbio chega amanhã em BSB". Segundo a fatura 8181 do Blue Tree Park Brasília, Delúbio ficou hospedado no hotel de 11 a 13 de junho. Comprovante da TAM atestam que ele embarcou mesmo no dia 11 para lá.
Para o dia 28 de agosto, a anotação "Neilton com Delúbio e todo final de semana" sugere que o motorista de Marcos Valério foi encarregado de receber o tesoureiro em Belo Horizonte, onde mora o empresário.
Naquele dia, Delúbio embarcou para Belo Horizonte. Ficou hospedado no Ouro de Minas Palace Hotel, segundo fatura da BB Turismo, até o dia 30. Na página do dia 30 de junho, há apenas a inscrição do nome de Delúbio, sem fixar local de encontro. Mas, segundo demonstrativo da empresa aérea, Delúbio viajou a Belo Horizonte naquela segunda-feira.
Para o dia 22 de julho, a programação inclui duas reuniões, uma na sede do PT, em Brasília, e outra no Blue Tree. Os registros do Blue Tree comprovam: Delúbio estava lá nos dias 22 e 23.
Uma semana depois - no dia 29 de julho -, uma reunião agendada na sede do PT. Delúbio, confirma o demonstrativo, chegou a Brasília na véspera. Os outros dois encontros fixados na agenda teriam acontecido em São Paulo. Nesse caso, Marcos Valério é quem teria viajado a capital paulista. Um demonstrativo da TAM mostra, pelo menos, que Delúbio estava na cidade no dia 31 de outubro. Segundo a agenda, os dois se encontrariam no hotel Sofitel ao meio-dia. Na véspera, Delúbio viajou de Brasília para São Paulo. Não há entre os documentos fornecidos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nenhum que aponte que Delúbio estivesse fora de São Paulo no dia 1º de dezembro, quando aconteceria outra reunião na cidade.
No dia 16 de julho, segundo cruzamento da agenda de Somaggio com a fatura de hotel, Valério e Delúbio ficaram hospedados no mesmo Blue Tree, informou o jornal Folha de S.Paulo.
Entre 13 e 16 de setembro, a programação é quase a mesma. Os dois estiveram em São Paulo no dia 13. No dia seguinte, viajaram a Brasília. Delúbio ficou hospedado no Blue Tree até o dia 16. Marcos Valério, de acordo com a agenda, passou apenas a noite do dia 15, quarta-feira, lá. No dia seguinte, os dois viajaram para São Paulo.
Nos dias 2 e 9 de setembro, os dois seguem o mesmo roteiro: depois de passagem pela capital, partem de Brasília com destino a São Paulo. Curiosamente, foi o próprio Delúbio que forneceu os documentos que podem confirmar sua afinidade com Marcos Valério, acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de distribuir mesada para parlamentares num esquema idealizado pelo tesoureiro.
A pedido de Leonice Vera Fernandes, responsável pelo departamento de contas eleitorais e partidárias do TSE, o PT teve que enviar ao tribunal os comprovantes de despesas com viagens e estadia. A documentação está acondicionada em seis fichários.
Procurado pela Folha de S.Paulo, Delúbio não quis se manifestar. Como o primeiro exemplo de coincidência de agendas apresentado à assessoria do PT foi o de sua hospedagem no hotel Ouro de Minas, Delúbio informou que aquele era um encontro de Comunicação do PT, do qual participaram outros líderes petistas.
Delúbio afirmou que não conhecia Neilton. Questionado sobre os demais casos, como os do Blue Tree, ele não quis confirmar os encontros e informou, sempre por intermédio da assessoria, que sua resposta é: "Não conheço nenhum Neilton".
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