Em depoimento espontâneo ontem à CPI dos Correios, o publicitário Duda Mendonça disse ontem ter aberto conta nas Bahamas – por orientação do empresário Marcos Valério – para receber cerca de R$ 10 milhões como pagamento por serviços publicitários e de assessoria política prestados ao PT.
– Posso ter cometido um erro fiscal, mas não cometi erro de caráter. Eu realizei um trabalho e precisava receber o pagamento. Sei que corro riscos, mas prefiro acabar com esse pesadelo de uma vez, pagar o preço que for necessário – disse.
Duda Mendonça afirmou que, em 2003, o PT ainda lhe devia R$ 11 milhões, fora um novo pacote contratado por R$ 7 milhões. Segundo informou, o então tesoureiro do PT Delúbio Soares teria dito à sua sócia, Zilmar Fernandes da Silveira, que procurasse um publicitário de Minas Gerais, Marcos Valério, porque ele iria "resolver o problema da gente". Quando Zilmar foi receber a primeira parcela de R$ 300 mil, que achava que seria em cheque, o valor foi pago com um pacote de dinheiro. Por essa maneira a empresa recebeu cerca de R$ 1,4 milhão.
Em determinado momento, prosseguiu Duda na comissão, Valério lhe disse para abrir "uma conta lá fora que fica mais fácil de pagar". Mais uma vez, o publicitário afirmou que se viu na situação de que "ou era assim ou não recebia".
Ele contou então ter procurado o BankBoston, onde foi orientado sobre como abrir uma conta nas Bahamas. Por essa conta, relatou, acredita ter recebido R$ 10 milhões, enviados por Marcos Valério.
Segundo Duda Mendonça, há depósitos de bancos como Rural Europa e Banco de Israel. Ele contou ter faxes enviados pela SMP&B confirmando os depósitos e repassou os documentos à comissão. O publicitário colocou à disposição da CPI seu sigilo bancário e fiscal e também o de suas empresas e acrescentou que o PT ainda lhe deve R$ 14 milhões.
Pressionado por oposicionistas para que confirmasse se a campanha de Lula foi paga com dinheiro de origem desconhecida, Duda disse acreditar que o pagamento foi realizado com recursos legais.
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