A CPI dos Correios deve votar nesta segunda-feira requerimento para que os senadores Heloísa Helena (PSOL-AL), Demóstenes Torres (PFL-GO) e Ideli Salvatti (PT-SC) viagem para Avaré (SP), onde está preso o doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho Barcelona. Caso a diligência seja aprovada pela comissão, os parlamentares ouvirão Claramunt, o qual afirmou, segundo a revista Veja, ter realizado operações financeiras irregulares para diversos partidos políticos nos últimos anos - entre eles o PT. A viagem teria sido marcada para esta segunda-feira, mas, devido à resistência de parlamentares governistas, o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MT), supostamente decidiu submeter requerimento a toda a comissão. A senadora Salvatti argumentava que seria "temerário" ouvir o doleiro sem que o assunto fosse previamente debatido pelos integrantes da CPI. Membros da oposição interpretaram a atitude como indício de que o PT estaria com medo do que o doleiro teria para revelar.
Segundo a Veja publicou, Toninho Barcelona diz que o PT usa esquema de caixa dois junto a bancos, com o envio do dinheiro a paraísos fiscais no exterior, desde a primeira campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1989. Ele teria afirmado à revista ser capaz, inclusive, de revelar nomes de políticos envolvidos.
Segundo Toninho, as remessas feitas para o PT teriam se multiplicado na década de 90, concentrando-se em duas instituições: no Trade Link Bank, instituição ligada ao Banco Rural nas Ilhas Cayman, e numa empresa offshore criada no Panamá, que também funciona como um paraíso fiscal. O depoimento de Toninho poderia explicar de onde saíram as cifras milionárias enviadas ao exterior ao PT e que teriam pago dívidas com o publicitário Duda Mendonça.
Toninho diz que sabe o nome do responsável pelas transações entre o PT e o Banco Rural. Os doleiros costumam receber dinheiro frio no Brasil e enviá-lo ao exterior por meio de uma cadeia de laranjas.
Condenado a 25 anos de prisão por crime contra o sistema financeiro, Barcelona é apontado como o maior doleiro do Brasil e, segundo a CPI do Banestado, movimentou US$ 500 milhões de 1996 a 2002. Em 2000, foi acusado pela CPI do Narcotráfico de remessa ilegal para o exterior, movimentando supostamente US$ 29,7 milhões de 1995 a 1997.
Em 2003, a Operação Anaconda, da Polícia Federal, apontou o doleiro como suposto beneficiário de decisões judiciais compradas. Barcelona também foi a causa da exoneração do ex-superintendente da PF em São Paulo Francisco Baltazar da Silva, responsável pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele deixou o cargo após o jornal Folha de S.Paulo comprovar que ele comprou US$ 134,6 mil de Barcelona.
Ele foi preso há cerca de um ano, junto com outros 62 doleiros acusados de enviarem dinheiro de origem ilegal ao exterior, principalmente por meio da conta Beacon Hill, nos Estados Unidos, que depois repassava os recursos para paraísos fiscais.
Caso ocorra a diligência no interior de São Paulo e, dependendo do que o doleiro venha a revelar, a CPI poderá requerer seu depoimento no Congresso.
|