Milhares de manifestantes de esquerda pediram a saída do presidente Luiz Inácio Lula da Silva num protesto hoje, em Brasília, na primeira grande manifestação anti-Lula desde o início da avalanche de denúncias de corrupção no governo. Carregando faixas e cartazes dizendo "Fora Lula", os manifestantes fizeram uma passeata pela capital federal.
A manifestação, que segundo a polícia reuniu entre 12 mil e 15 mil pessoas, foi maior que o ato pró-Lula de ontem, que reuniu 6 mil pessoas, de acordo com a polícia. As estimativas iniciais eram de que 10 mil pessoas haviam se manifestado a favor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça, mas a polícia revisou a estimativa para baixo.
"Não se pode falar em cassação antes do relatório final da CPI, que poderá apontar pela necessidade da abertura de um processo de crime de responsabilidade", disse a jornalistas a senadora Heloisa Helena (PSOL-AL). "É impossível dizer que ele não sabia. Para dizer que ele não sabia é dizer que ele é ignorante e ele não é."
A senadora, no entanto, acredita que o Congresso nacional não tem legitimidade para cassar o mandato de Lula. Para ela, depois de encerrados os trabalhos da CPI, a melhor opção seria um plebiscito para consultar a população se o presidente deveria ou não ser afastado.
Já o presidente do PDT no Distrito Federal, Georges Michel, foi bem mais incisivo. "Lula é o chefe de todo esse crime organizado. No fim da investigação, ele tem de sofrer um impeachment", disse Michel.
As acusações de que ex-auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e líderes do PT tenham usado recursos públicos em troca de apoio de deputados em votações no Congresso causaram a maior crise política do país desde o impeachment de Fernando Collor de Mello.
Lula, porém, não foi diretamente envolvido no escândalo. Os partidos de oposição, que chegaram a falar em impeachment, diminuíram a pressão, e partidários do governo que até agora se mantinham em silêncio começam a se manifestar apoiando o presidente.
Vários partidos de esquerda acusam Lula de ter traído suas promessas eleitorais de reduzir a pobreza e acabar com a corrupção, por ter se aliado a partidos de centro e de direita para aprovar reformas econômicas que favorecem o mercado e limitam os gastos públicos.
A popularidade de Lula vem caindo, e uma pesquisa Datafolha divulgada na semana passada mostrou pela primeira vez que ele perderia uma eventual disputa contra José Serra, do PSDB, no segundo turno das eleições de 2006.
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