Palocci diz que fica na Fazenda com o apoio de Lula

 

Politica - 22/08/2005 - 20:32:04

 

Palocci diz que fica na Fazenda com o apoio de Lula

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, voltou a negar neste domingo, "categoricamente", as denúncias de seu ex-assessor Rogério Buratti, de que ele teria recebido propina de R$ 50 mil quando era prefeito de Ribeirão Preto. Ele disse que continuará no cargo com o respaldo do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva."Quero negar categoricamente as acusações, elas merecem ser negadas, porque são falsas", afirmou Palocci. "Estou tranqüilo. Sei o que fiz, e também o que eu não fiz." Diante de uma centena de jornalistas, no auditório do ministério, Palocci iniciou sua entrevista revelando que colocou o cargo à disposição de Lula. "O presidente pediu que eu comunicasse a vocês (jornalistas) que ele não deseja que eu saia, e que não autorizará meu afastamento, nem mesmo temporário". "Minha convicção é que ninguém é insubstituível. Eu terei absoluta tranqüilidade para tratar dessas questões dentro ou fora do ministério", disse Palocci, que garantiu não ter apego ao cargo de ministro da Fazenda. Ele também disse que "não tem apego" nenhum ao cargo de ministro da Fazenda. O ministro admitiu que foi pego de surpresa pelas acusações. "Não esperava que o Buratti fizesse uma coisa dessas", afirmou Palocci, ressaltando ainda que em nenhum momento pensou em deixar o ministério. "Eu não cheguei à conclusão que era o momento de sair, mas sim de expor claramente a situação ao presidente Lula, e deixá-lo à vontade para tomar a decisão que quisesse." "Não me sinto traído pelo Rogério Buratti porque não tinha relação de confiança estabelecido no último período. Ele não tinha motivos para fazer as coisas do tipo que eu queria", explicou Palocci, dizendo que sua família mantém contato com o assessor, ao contrário dele. "Tive encontros fortuitos e sociais com ele." Palocci rechaçou também denúncia publicada neste final de semana pela revista Veja, de que Buratti intermediaria encontros entre ele e empresários interessados em fazer lobby na Fazenda. Ele disse que o Ministério Público monitorou Rogério Buratti por oito meses, e que nenhuma ligação telefônica grampeada ofereceu qualquer prova contra ele. Sobre o Grupo Leão&Leão (que, segundo Buratti, pagaria propina a Palocci), o ministro admitiu que recebeu doações da empresa durante a campanha eleitoral. "Eu recebi contribuições dessas empresas durante a campanha. Recebi e registrei. Todas as contribuições estão registradas pelo Tribunal Regional Eleitoral." O ministro disse que o contrato com a empresa Leão&Leão para saneamento e coleta de lixo em Ribeirão Preto (SP) não foi feito durante a sua gestão como prefeito. "Foi dito que a empresa acertava contribuições para os prefeitos após as licitações que a empresa ganhava. Portanto se, como foi informado no depoimento, esse era um prêmio para resultado de licitação, essa licitação não ocorreu no meu governo. Não foi feita a licitação porque já tinha sido feita. Esse é um dado relevante que ninguém levou em conta", afirmou. Palocci acrescentou que a afirmação não é uma crítica ao governo anterior. "Não estou criticando o contrato feito pelo outro governo, só estou dizendo que não foi eu que fiz. Longe de querer acusar o governo anterior a mim de ter feito alguma coisa errada", disse. O ministro Palocci, no entanto, confirmou que fez um contrato sem licitação para recolhimento de entulho de R$ 140 mil. "Houve chuvas na cidade, então foi feito o contrato de coleta de galho. Não dava para fazer licitação depois de um temporal. Em emergências não se faz licitação", PT tem parcela da culpa Palocci, afirmou que uma parcela do Partido dos Trabalhadores tem culpa nas denúncias de corrupção apresentadas nos últimos tempos. Contudo, o ministro enfatizou a necessidade das investigações para comprovar as irregularidades. "Acredito que uma parcela do partido tem culpa sim, mas tem que deixar que as investigações sejam feitas. Assim como o presidente reconheceu, ao dizer que achava que o partido também deveria pedir desculpas, acredito nisso. Não foram as instituições que fizeram isso, foram pessoas. Não estou aqui para julgar ninguém, mas não falaria em orquestração política", disse. O ministro disse que vai colaborar com as investigações. "Contribuirei com qualquer investigação que diga respeito a essa ou outras questões que possam surgir porque sou o primeiro interessado em esclarecer esses fatos", afirmou Palocci. Denúncias Na sexta-feira, o advogado Rogério Buratti disse, em depoimento à polícia, que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, recebia propina no valor de R$ 50 mil por mês da empreiteira Leão&Leão quando era prefeito da cidade paulista. Buratti é investigado por intermediar relações corruptas entre prefeituras e empresas do lixo e depõe sob o benefício da delação premiada. Com isso, ele teria a redução da pena em troca de informações. O promotor Sebastião Silveira explicou que a propina ia diretamente para o diretório do PT sob cuidados do ex-tesoureiro Delúbio Soares a pedido de Antônio Palocci. A propina teria o objetivo de manter o contrato de coleta de lixo e limpeza pública com a prefeitura. Segundo Rogério Buratti, o ex-secretário de fazenda de Ribeirão Preto Ralf Barquete era o encarregado de recolher em dinheiro vivo a quantia mensalmente na empreiteira e entregar em SP para Delúbio Soares. O dinheiro vinha de contas nos bancos Bradesco e Santander. O esquema teria começado durante a segunda gestão de Palocci em Ribeirão Preto e continado na gestão de Gilberto Maggioni. Palocci foi eleito prefeito de Ribeirão Preto pela segunda vez em 2000, cargo a que renunciou em 2002 para assumir o Ministério da Fazenda.

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