O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, causou um bate-boca na tarde desta terça-feira no Plenário ao garantir que não haverá "operação-abafa" ou "pizza" na Câmara para proteger deputados acusados de irregularidades. A declaração foi feita após a repercussão de uma entrevista na qual diz acreditar que não existe "mensalão" e defende uma pena mais branda para os deputados com processo de cassação no Conselho de Ética. O presidente da Câmara disse que foi mal interpretado e que só declarou que não existia mensalão porque ouviu o mesmo do presidente do Conselho de Ética, José Izar, que afirmou que a corrupção cometida por parlamentares está confirmada, mas não com o nome de mensalão. "Esta Mesa Diretora zelará para que inocente algum seja castigado, mas não hesitará em reunir todas as suas forças para punir, exemplarmente, aqueles que porventura tenham conspurcado os seus mandatos. Não enquanto eu for presidente", disse.
"Tenho uma história de vida na busca dos caminhos da retidão, da probidade no trato da coisa pública e da responsabilidade no exercício dos cargos que ocupei ao longo da vida. Tenho mais de quarenta anos de vida pública e um nome ainda a zelar, pois jamais me acomodo no remanso do conformismo barato", ressaltou.
Após seu discurso, a oposição reagiu. As críticas mais duras vieram do deputado Fernando Gabeira (PV), que disse que irá trabalhar para apresentar um pedido de abertura de processo de cassação contra Severino. "Sou um deputado isolado, mas afirmo que Vossa Excelência está em contradição com o Brasil. A sua presença na Presidência da Câmara é um desastre para o Brasil e para a imagem do País. Ou Vossa Excelência começa a ficar calado ou vamos iniciar um movimento para derrubá-lo". Severino reagiu: "Vossa Excelência se recolha à insignificância de vossa excelência e não fica fazendo insinuações que só cabem à Vossa Excelência".
A partir do embate, parlamentares se revezaram na tribuna para apoiar, ou criticar a posição de Gabeira. O líder da oposição, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), também condenou a postura de Severino Cavalcanti. "Vossa excelência não teve muita sorte. Disse o que o presidente da Câmara não poderia dizer", condenou.
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