O ex-prefeito da capital paulista Paulo Maluf se apresentou à sede da Superintendência da Polícia Federal de São Paulo às 0h20 de hoje, e ficará detido pelo menos até a manhã deste sábado. Maluf chegou visivelmente abatido e não deu declarações. Acompanhado de advogados, carregava uma pequena mala. Ele é acusado de coagir testemunhas e ocultar provas do processo por evasão de divisas, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A prisão de Maluf se deu após a juíza Sílvia Maria Rocha acatar o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público.
O advogado Roberto Leal declarou que a prisão preventiva "não tem fundamento jurídico" e que Maluf decidiu se apresentar à PF mesmo acreditando que a prisão é "uma injustiça". Os advogados de Maluf prometem apresentar recurso no Tribunal Regional Federal.
A Justiça Federal também aceitou, na íntegra, o pedido de denúncia contra o filho do ex-prefeito, Flávio Maluf, além do doleiro Vivaldo Alves e do empresário Simeão Damasceno. A Polícia espera que todos se entreguem ainda neste final de semana.
A soma das penas mínimas pelos crimes dos quais Maluf e seu filho são acusados é de oito anos.
Vivaldo Alves, o doleiro que operava as contas de Maluf no exterior, revelou que foram movimentados US$ 160 milhões em cerca de um ano e meio. Segundo ele, Maluf estava preocupado com as revelações que ele poderia fazer à Polícia Federal e sugeriu que ele falasse somente para a Justiça.
Em depoimento à PF na última terça-feira, o doleiro afirmou que trabalhava a mando de Flávio, filho de Maluf, e enviava dinheiro ilegalmente para o exterior por meio de uma conta (batizada de Chanani) controlada pela família Maluf.
Segundo ele, Maluf o procurou em 1998 dizendo que precisava ter uma conta de passagem no exterior, para fazer uma grande movimentação de dinheiro. Uma conta de passagem, na gíria dos doleiros, é uma forma de despistar a procedência do dinheiro.
Vivaldo contou que 14 bancos movimentavam a conta Chanani, seis deles na Suíça. Do Citibank de Genebra, a conta recebeu US$ 6 milhões. O doleiro afirma que o dinheiro que depositado na Chanani era transferido para contas de empresas e também era destinado para pagar contas pessoais da familia Maluf.
Para a polícia de São Paulo, Vivaldo é considerado um elo entre a corrupção na prefeitura municipal e o envio de dinheiro público para o exterior.
|