O secretário-geral do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), negou ontem que o partido tenha cometido qualquer ilegalidade ao pagar as passagens de familiares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de São Paulo a Brasília, para que assistissem a posse, em janeiro de 2003. As passagens foram pagas com recursos do Fundo Partidário, conforme revelou o jornal O Estado de S.Paulo, no domingo. Como é formado por recursos públicos, o uso do fundo para quitar despesas que não sejam diretamente ligadas às atividades do partido e seus dirigentes é proibido.
O presidente interino do PT, Tarso Genro, afirmou que se por acaso for configurado o uso de verba do fundo, o partido deverá procurar os dirigentes à época para garantir o ressarcimento e sanar eventuais irregularidades na Justiça Eleitoral: "Não há motivo para que o PT perca o registro partidário".
No entanto, Berzoini não se pronunciou a respeito das passagens pagas a outras pessoas que não têm cargos no PT. Foram beneficiadas as mulheres do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, Margareth, do ex-presidente José Genoino, Rioco, e o marido da ex-prefeita Marta Suplicy, Luís Favre. "O tesoureiro José Pimentel apresentará todas as explicações", disse Berzoini.
O PT ainda não apresentou explicação oficial para o desvio de recursos do fundo partidário. Segundo o jornal, a legenda deverá recorrer ao argumento de que mantém uma conta única para doações, dinheiro arrecadado com o dízimo de filiados e o fundo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na terça-feira da Guatemala, que "estranharia se fosse o PSDB ou o PFL que tivesse pago a minha passagem". "O PT tinha obrigação de pagar a minha passagem", acrescentou.
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