O professor Bruno José Daniel Filho, irmão do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT), assassinado em 2002, disse hoje que dinheiro arrecadado ilegalmente pela prefeitura da cidade paulista era entregue ao então presidente do PT, deputado José Dirceu. Bruno Daniel depõe à CPI dos Bingos. A assessoria do deputado disse que "isso é uma calúnia" e que Gilberto Carvalho (atual chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva) já negou. "O Supremo Tribunal Federal já arquivou esta mesma denúncia, argumentando que ela beirava a má fé".
Segundo Bruno, o dinheiro - que era tomado de empresas de ônibus - era entregue por Carvalho, ao então presidente do PT, deputado José Dirceu. Uma das entregas teria sido de R$ 1,2 milhão.
O professor afirmou que, dias depois da morte do irmão, participou de um encontro com Carvalho. Na ocasião, oo chefe de gabinete teria falado sobre um esquema de corrupção entre a prefeitura de Santo André e empresas prestadoras de serviços públicos no município.
Parlamentares disseram que, em depoimento fechado à CPI, Gilberto Carvalho negou a versão apresentada por João Francisco Daniel, outro irmão do prefeito, de que levava dinheiro arrecadado das empresas de Santo André para o então presidente do PT José Dirceu. Francisco Daniel também acusou Sombra de ser um homem violento e de ter participado da morte de Celso Daniel.
Em seu depoimento, ele disse que Celso Daniel foi torturado antes de morrer. E afirmou que Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, teve participação no assassinato e na tortura de seu irmão.
Segundo informações da Agência Senado, ele pediu justiça para esclarecer a morte de Celso Daniel e afirmou não ser possível aceitar as investidas do Ministério Público e do Executivo para arquivar as investigações sobre o caso.
Telefones grampeados
Bruno Daniel disse que desconfia que os telefones da família estejam grampeados e que seus familiares estejam sendo seguidos, desde o depoimento de João Francisco à CPI, em setembro. Nesta semana, a CPI aprovou a acareação de Gilberto Carvalho com os irmãos de Celso Daniel.
O professor defende a tese de que a morte de seu irmão não foi crime comum. "Temos a plena convicção de que a tese de crime planejado será comprovada com as investigações, agora, do Ministério Público", afirmou. Na época do assassinato, o inquérito foi conduzido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em São Paulo.
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