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Moradores de São Bernardo e de outras cidades que costumam buscar a Cidade da Criança para algumas horas de lazer certamente ficaram tristes com a decisão da Prefeitura de fechar o tradicional parque para reformas, a partir do último dia 2 de outubro. Mas certamente se sentirão muito mais felizes quando o espaço for reaberto, provavelmente no segundo semestre de 2006, totalmente reformulado e voltado sobretudo para servir como ‘sala de aula’ para cerca de 75 mil estudantes da rede pública municipal e outro tanto das escolas particulares, além daqueles que sempre tiveram na Cidade da Criança o principal espaço de lazer. “Vai ser uma verdadeira escola a céu aberto, sem perder sua característica de ser um espaço de lazer”, define o prefeito William Dib, que incumbiu a Secretaria de Educação e Cultura de preparar um projeto de revitalização para a área de 37,7 mil metros quadrados, que desde 1968 abriga o que foi o primeiro parque temático do Brasil e referência nacional nos anos de 1970 e 1980.
A proposta elaborada por 23 integrantes da Secretaria de Educação e Cultura e entregue ao prefeito William Dib pelo secretário especial da Coordenadoria de Assuntos Voltados à Comunidade, Admir Ferro, prevê a divisão da Cidade da Criança em três setores: Espaço do Aprender (onde é a entrada principal), Espaço da Ciência e Tecnologia (até agora reservada à área espacial) e o Espaço Natureza (antiga Região Amazônica). “A idéia é transformar a Cidade da Criança em mais um instrumento da Educação, uma extensão da escola, mas de uma forma que o aluno aprenda brincando”, prega Admir Ferro.
Por isso mesmo o projeto prevê a construção de um túnel do tempo, planetário, loconauta (equipamento que simula a falta de gravidade no espaço), Casa da Música (onde as crianças possam aprender e conhecer diferentes instrumentos e ritmos musicais), cozinha experimental, construção de uma oca que também mostrará os costumes indígenas, além de fraldário e refeitório. Também está prevista a construção de um espaço para atividades circenses, um relógio solar e a Rosa dos Ventos, assim como a recuperação e adequação de antigos brinquedos à nova proposta.
Inaugurado em 1975 e visto como uma das principais atrações da Cidade da Criança ao longo dos anos, o Submarino é um entre os vários brinquedos que serão mantidos, mas adequado à nova feição que o parque ganhará após as intervenções que devem ter início ainda neste mês. O tanque por onde o submarino circula ganhará novos elementos, réplicas de espécimes representando a fauna e flora de rios e lagos do Brasil. Dessa forma, estima Admir Ferro, os estudantes e os visitantes poderão aprender. “Até porque, a idéia é que monitores acompanhem os passeios e expliquem cada uma das espécies que estarão dispostas ao longo do percurso do Submarino. Aliás, deveremos ter monitores para acompanhar os visitantes em todas as atrações. Nossa proposta é que todos que visitarem o parque possam aprender enquanto se divertem”, conceitua o secretário.
Funcionamento – Conforme a proposta entregue ao prefeito William Dib, o parque estaria reservado de terça a sexta-feira para a visita de estudantes das redes municipal, estadual e particular de ensino do município, entre 8h e 17h, com cerca de 4 mil alunos por dia. Sábados,domingos e feriados seriam destinados a receber famílias tanto da cidade quanto de fora, possivelmente com cobrança de ingresso e para ingresso nos brinquedos, de forma a gerar recursos para a manutenção do parque, cujas reformas serão bancadas pela Prefeitura. A previsão é de que nos fins de semana cerca de 8 mil pessoas visitem o parque, cuja capacidade é estimada em 10 mil pessoas. As segundas-feiras seriam reservadas para os serviços de manutenção.
A revitalização da Cidade da Criança passa também pelo resgate da história e da tradição do parque. Pouca gente sabe, por exemplo, que o parque nasceu em torno do cenário que serviu para a gravação da novela Redenção, a mais longa da história da TV brasileira, levada ao ar entre 1966 e 1968. Tombada em 1990 pelo conselho de patrimônio do município, a Vila formada de pequenas casas, igreja, prefeitura, estação de trem e chafariz será recuperada, assim como as réplicas do Teatro de Manaus e Hotel Amazonas, instalados na área que hoje abriga a Região Amazônica.
Assim como todos os que freqüentaram o parque na década de 1970 e começo dos anos 1980, Admir Ferro lembra da eleição para prefeito mirim da Cidade da Criança, pratica que começou em 1968 e se estendeu até 1981. Após uma interrupção de 12 anos, a idéia foi retomada em 1993 e a Cidade ganhou novamente um prefeito mirim, mas a proposta não teve seqüência. Agora, o projeto da Secretaria de Educação e Cultura pretende resgatar esta tradição, até para estimular o espírito de cidadania entre os estudantes. Afinal, deve fazer parte das atribuições da Educação mostrar às crianças a importância do voto.
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