Na defesa que apresentou à cúpula do PT, no processo interno que enfrentou por conta de caixa dois, o ex-tesoureiro Delúbio Soares disse que não inventou o esquema operado em parceria com o empresário Marcos Valério. O petista foi mais longe, garantindo que "nunca houve" campanhas eleitorais da legenda efetuadas somente com dinheiro declarado à Receita e Justiça Eleitoral, à exceção do pleito de 2002, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva presidente da República. Ele classifica a prática como "antiga e habitual, pela qual jamais se viu uma punição". O ex-tesoureiro, que dá sua expulsão do partido como certa para "purgar culpas coletivas", dirá a seus companheiros que apenas encontrou uma forma de saldar "depesas não contabilizadas" decorrentes de decisões da antiga direção do PT. Delúbio, no entanto, não pretende revelar nomes de beneficiários do seu trabalho.
No texto de defesa, Delúbio afirma que suas operações de captação de recursos não declarados "beneficiou a todos, que dele fizeram bom e silencioso proveito".
Sobre sua expulsão, Soares demonstra mágoa com sua expulsão mas descarta revelar mais nomes, além daqueles tornados públicos por meio da famosa lista de Marcos Valério - a qual serviu de base para alguns processos de cassação de deputados na Câmara.
"Tranqüilizem-se os que foram beneficiados pelo meu trabalho, pois seus nomes não brotarão de minha boca, ainda que o meu não saia das deles", diz. Porém ataca a legenda, afirmando que a mesma se transformou em "uma floresta de dedos em riste, duros como pedra, apontados por companheiros contra companheiros, e muitos deles contra mim".
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