Normalmente o Presidente da República de qualquer país do mundo é o que mais sabe das coisas que acontecem no seu país. Para isso têm eles um quadro de assessores especializados em informações, têm equipamentos para auxiliá-los em seu trabalho, investem uma fortuna nesse processo de conhecimento. Presidentes há, como o norte-americano, que andam acompanhados de assessores com pastas vistosas e equipamentos eletrônicos capazes de mantê-los informados, em tempo real, sobre tudo o que se passa no mundo.
Apesar de todas essas possibilidades, o Presidente Lula não sabia. Não sabia o que, perguntará o leitor?
Lula não sabia do mensalão, como disse, apesar de ter sido informado pelo Roberto Jefferson, aquele deputado seu amigo para o qual assinaria um cheque em branco. Lula não sabia que o Zé Dirceu, na sala ao lado, desenvolvia um esquema de repasse de dinheiro para deputados, com aporte de recursos vindo de um também desconhecido (para ele), Marcos Valério de forma a comprar a vontade e o voto desses deputados.
Lula não sabia do Caixa dois do PT, para despesas com atividades normais do partido ou para financiamento de sua última campanha para Presidente da República. Lula não sabia que seu publicitário, o Duda Mendonça, recebeu uma fortuna para fazer sua campanha, pago em dólares e no exterior.
Lula não sabia do empréstimo que o PT lhe fez para custeio de despesas pessoais tirados da conta em que é depositado o dinheiro do fundo partidário, dinheiro público, por sinal. Não sabia também que tinha amigos preocupados que se encarregaram de pagar essa dívida.
Lula não sabia que tinha um irmão lobista, dedicado a abrir portas no Palácio do Planalto para empresários de sua relação, provavelmente sob paga.
Lula não sabia que Marcos Valério, principal benemérito do PT freqüentava o Palácio do Planalto levando dinheiro e conquistando contas de publicidade governamental. Aliás, Lula sequer sabia da existência desse cidadão, apesar de tão bonzinho para com o PT.
Lula não sabia e sequer ouviu falar de empréstimos feitos pelo BMG e pelo Banco Rural ao PT, dinheiro que, em seguida, era encaminhado a muitos de seus companheiros mais próximos para liquidar “débitos de campanha”.
Lula não sabia que o PT, por todo o Brasil, ficara empenhado até o fundo de suas calças ( ou de suas cuecas ) com despesas de campanha e que precisaria de meio PIB ( ou quase ) para pagá-las.
Lula não sabia que o filho tinha negócios com o Gushinken e o Bittar, filho de um ex-prefeito de Campinas e companheiro de longa data, envolvendo uma empresa de telefonia e vasta soma de dinheiro público.
Lula não sabia, apesar de estar no quarto ao lado, das negociações envolvendo PT e PL que se coligaram no último pleito presidencial, nas quais foi acertada a entrega de vultosa soma em dinheiro para o PL.
Lula não sabia do Valdomiro Diniz e de seus negócios escusos. Quando soube, num rompante, quis tirar o sofá da sala, acabando com o jogo de bingo. Mas já desistiu. Aliás, seque o Dirceu, patrão direto do Valdomiro sabia desses negócios.
Lula não sabia de irregularidades nos Correios. Nem sabia nada sobre Furnas.
Lula também não sabia que pressuroso jardineiro do Alvorada bordara uma estrela do PT nos jardins do Palácio, apesar de ali passar, ao menos de carro, duas vezes por dia.
Lula não sabia das viagens de seu filho e amigos, com suas namoradas, em aviões da FAB e passeios em lanchas da marinha no Lago Paranoá.
Afinal, o que é que Lula sabia?
Lula sabia e sabe de tudo o que acontece no Corinthians. Sabe das tristezas e alegrias (agora tudo é alegria naquele clube) que lá acontecem, sabe dos gols que são feitos na hora em que são feitos, comunicado que é, em alguns casos, pela própria esposa, em meio a reuniões, sociais ou não. Sabe de todos os lances de cada gol corintiano, seu autor e a forma como o gol foi feito. Enfim, acompanha com detalhes as coisas de seu time de futebol querido.
Não seria o caso, já que o presidente Lula sabe tanto sobre o Corinthians, de ser aconselhado a candidatar-se, no próximo ano, à Presidência ... do Corinthians !
Com certeza, o Corinthians merece!
(*) Alberto Rollo é advogado especialista em Direito Eleitoral, presidente do IDIPEA (Instituto de Direito Político Eleitoral e Administrativo) e escritor de mais de 14 livros, entre eles:
“Propaganda Eleitoral – teoria e prática” e “O advogado e a administração pública”.
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