Acareação em CPI retoma debate sobre impeachment

 

Politica - 28/10/2005 - 09:45:55

 

Acareação em CPI retoma debate sobre impeachment

 

Da Redação com Reuters

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Uma série de contradições e desmentidos marcaram a acareação iniciada ontem na CPI do Mensalão e encerrada na madrugada de hoje, por volta de 1h10, após cerca de 14 horas de trabalho. As discussões na sessão, que colocaram frente a frente alguns dos principais personagens do escândalo, trouxeram de volta à tona o debate sobre a abertura de um possível processo de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De um lado, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, sua funcionária, a diretora financeira da SMPB Propaganda, Simone Vasconcelos, e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Do outro, alternadamente, foram postos representantes do PL e do PTB responsáveis pelo recebimento dos recursos. Entre tantas declarações, o presidente do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, repetiu que usou recursos não contabilizados de Valério para o pagamento de dívidas da campanha da eleição presidencial de 2002. "Eram materiais para a campanha do presidente Lula e do vice-presidente, José Alencar, no segundo turno", disse Costa Neto. "Fizemos um acordo com o PL", disse Delúbio. "O PL tomou a iniciativa de fazer algumas despesas e depois apresentou a conta. Apresentou o buraco do PL e depois tivemos de cobrir." O PL fazia parte da coligação do então candidato Lula, que tinha como candidato a vice José Alencar, então filiado ao partido. Impeachment O deputado Moroni Torgan (PFL-CE) defendeu que haja uma representação contra o presidente da República ao uso de caixa dois durante a campanha eleitoral. "Os três dizem que mandaram dinheiro para pagar contas de campanha do presidente. Se fosse um deputado, haveria a representação no Conselho de Ética contra ele. Caixa dois vale para o deputado mas não vale para o presidente?", argumentou Torgan. A sugestão foi endossada pela deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP). "São fatos muito graves que devem ser profundamente investigados. Temos de pedir o impeachment de Lula", disse a jornalistas. Da tribuna do Senado, o senador José Agripino (PFL-RN) anunciou que levará à Executiva de seu partido a proposta de encaminhamento de representação contra Lula no Ministério Público Federal (MPF). "Vou apresentar a proposta na próxima reunião da Executiva", disse. Contradições Durante a acareação, Marcos Valério reafirmou as versões apresentadas por ele em depoimentos anteriores às CPIs dos Correios e do Mensalão, ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal, nos quais detalhou os nomes de pessoas que receberam recursos de suas empresas no valor de mais de R$ 55 milhões por determinação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Delúbio e Valério disseram, em outro momento, terem repassado R$ 12 milhões ao PL, por meio de Costa Neto e por meio da empresa Guaranhuns. O presidente do PL negou e disse ter recebido R$ 6 milhões e que outros R$ 2 milhões teriam sido repassados para o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto, por meio de intermediários. Os membros da CPI tentaram, sem sucesso, descobrir o destino da diferença alegada de 4 milhões de reais. Outra contradição foi o envolvimento da empresa Guaranhuns como intermediária dos repasses feitos por Marcos Valério. Valério, Delúbio e Costa Neto insistiram que não conheciam a empresa até o momento dos repasses. O presidente do PL disse que foi Valério quem indicou a empresa para os pagamentos, mas o empresário afirmou ter sido o tesoureiro informal do PL Jacinto Lamas quem fez a indicação. E Delúbio negou qualquer relação dele ou do PT com a Guaranhuns.

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