A recente denúncia da revista Veja, segundo a qual a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu até US$ 3 milhões do governo de Cuba em 2002, fará com que a oposição reforce os ataques ao petista ao longo dessa semana. A intenção de partidos como o PSDB e o PFL é fazer com que as acusações sejam investigadas em uma das comissões parlamentares atualmente em curso no Congresso. A tática de investigar o governo nas comissões parlamentares inclui pressões para convocar o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, mencionado na reportagem de Veja por ter sido um dos coordenadores da campanha de Lula. Parlamentares oposicionistas querem levar as investigações para a CPI dos Bingos, na qual o governo é minoria e onde um dos envolvidos na denúncia, Rogério Buratti, já é investigado.
O PFL e PSDB avaliam também a possibilidade de entrarem com ação contra o presidente da República, alegando que ele e seu partido incorreram em crime de responsabilidade - caso seja comprovado o recebimento dos dólares. Pela legislação, nenhum partido pode ganhar recursos de governos, sob pena de ter seu registro cassado pela Justiça Eleitoral. Representantes dos governos brasileiro e cubano negam todas as acusações.
Paralelamente, o PSDB, que hoje exibe em cadeia de rádio e TV seus programas regionais, vai aproveitar o espaço gratuito para atacar Lula e o PT, como resposta ao programa nacional petista, que foi ao ar na última semana. Na ocasião, o PT fez duras críticas aos tucanos e antecipou o dircurso que deverá adotar.
Governo parte para o ataque
Enquanto isso, Lula organiza a defesa do governo e promete ir para o confronto direto. Hoje, traça estratégias de defesa junto com ministros, em reunião comandada pelo titular da Coordenação Política, Jaques Wagner. Uma das medidas pode ser o ingresso com ação judicial contra a Veja por crime de calúnia e difamação.
Contrariado com a volta às discussões da possibilidade de impeachment entre membros do PSDB e PFL, Lula começou, no final de semana, a traçar uma reação. Caso a oposição insista na tese de afastamento do presidente, o governo centrará fogo no senador tucano Eduardo Azeredo, acusado de se beneficiar de dinheiro de caixa dois do empresário Marcos Valério - mesmo operador do esquema montado no PT.
Além de bater na tecla de que as irregularidades teriam surgido em 1998, quando Azeredo tentou se reeeleger governador de Minas Gerais, supostamente com dinheiro não contabilizado, o PT deverá levantar novamente suspeitas de corrupção durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o governo teria relatórios, montados durante o período de transição entre os governos, mantidos inéditos até agora.
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