O que fizeram com a série de filmes do Zorro? Transformaram-na nos Pequenos Espiões! No lugar do combatente solitário mascarado em luta pela justiça e liberdade, a sequência de A Máscara do Zorro (1988) virou agora um programa de família. Em A Lenda do Zorro, Antonio Banderas, o astro de ambos os filmes, luta contra forças obscuras na Califórnia do século 19, ao lado da mulher Elena (Catherine Zeta-Jones) e do filho de 10 anos, Joaquin (Adrian Alonso).
Isso não é de todo mau. O jovem de origem mexicana é um verdadeiro achado e nenhum homem fará objeção à visão de Zeta-Jones em ornamentos de renda do século 19 empunhando uma espada.
Mas transformar Zorro num filme de família com disputas domésticas e situações de seriado de TV tira um pouco do brilho da aventura romântica na Califórnia antiga.
No entanto, sob a batuta do diretor Martin Campbell, não faltam sequências de ação e as estrelas brilham como devem brilhar.
Na Califórnia de 1850, o território está prestes a decidir se vira ou não o 31º Estado da união. Um referendo abre o filme, dando a Alejandro de la Vega, disfarçado de Zorro (Banderas), a oportunidade de recuperar uma urna roubada das garras do vilão Jacob McGivens (Nick Chinlund). Trata-se de uma série coreografada extensa e intrincada de proezas que leva Zorro aos ares quase tanto quanto um homem-aranha.
O referendo para a Califórnia se tornar um Estado é aprovado e uma multidão feliz comemora. É um tanto engraçado, porém, ver tantas caras latinas festejando a "liberdade" de um governo dominado por gringos que irá se sobrepor aos americanos mexicanos por outro século e meio.
Quase ao mesmo tempo, uma briga inventada entre Alejandro e Elena a leva a pedir o divórcio. Somando isso ao seu ciúmes cômico e ao fato de seu filho o estranhar, o protagonista começa a se embebedar.
A trama sobre uma antiga ordem cristã chamada Cavaleiros de Aragão parece muito improvável, mas ela consegue provocar uma sucessão de lutas, resgates, truques e perseguições que mantêm a tela excessivamente ocupada ao longo de mais de duas horas.
O trio de heróis é o principal atrativo do filme. Alonso, como Zorro Jr., tem todas as características do pai, embora não saiba que seja filho de Zorro. Para ser franco, ele rouba a cena.
O diretor de fotografia, Phil Meheux, e a figurinista Cecilia Montiel conseguem tirar o máximo da locação dentro e nas redondezas da histórica Hacienda Gogorron, em San Luis Potosi, no México, criando um clima autêntico de Califórnia antiga.
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