O piloto Alécio Fongaro confirma ter levado o petista Vladimir Poleto - ex-assessor do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na prefeitura de Ribeirão Preto - no Sêneca PT-RSX do empresário José Roberto Colnaghi, em 31 de julho de 2002. Na ocasião, Poleto levava três caixas de papelão lacradas consigo, diz Fongaro, que garante desconhecer o conteúdo delas. O ex-assessor foi convocado para depor sobre a denúncia na próxima terça-feira, na CPI dos Bingos. Outras pessoas citadas no caso também devem ser chamadas nos próximos dias. De acordo com a edição da semana passada da revista Veja, baseada em depoimentos de Poletto e do advogado Rogério Buratti, também ex-assessor de Palocci, essas caixas continham US$ 1,4 milhão ou US$ 3 milhões doados pelo governo cubano para a campanha eleitoral do então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
Buratti disse não ter presenciado a suposta transação e citou como fonte Ralf Barquete, outro homem de confiança de Palocci - morto de câncer em junho de 2004. O ministro afirmou que os relatos dos ex-colaboradores são "fantasiosos". O governo cubano, por meio de nota, também desmentiu as acusações.
O testemunho de Fongaro foi publicado na última edição de Veja. O piloto diz ter decolado de Penápolis, no oeste paulista, e rumou para Brasília, onde telefonou para Poleto - que teria em seguida se dirigido para o aeroporto. Segundo Alécio Fongaro, Poleto pediu para levar as caixas na aeronave e foi atendido.
O destino seria o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, mas o vôo teria sido desviado para Viracopos, em Campinas, por conta do mau tempo. Logo após a aterrissagem, na tarde de 31 de julho de 2002, Poleto teria solicitado ao piloto que rumasse para o Aeroporto dos Amarais, que também fica em Campinas. Como o aroporto tem dimensões bem mais reduzidas que o internacional Viracopos, diz Fongaro, o petista não precisou declarar o conteúdo das caixas às autoridades e, sem maiores problemas, descarregou as mesmas dentro de um Ômega, supostamente blindado, que já estava à sua espera.
Palocci utilizou jatinho de empresário
O empresário Roberto Colnaghi confirma ter emprestado o Sêneca para Poleto, mas se exime de qualquer responsabilidade sobre a utilização do mesmo. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, ele deu carona para Antonio Palocci em outra aeronave (um jatinho Citation, prefixo PT-XAC), quando o petista já era ministro da Fazenda. Uma das oportunidades nas quais Palocci usou o avião teria ocorrido em 2 de maio de 2004, após visita à a Agrishow, feira de agronegócios realizada em Ribeirão Preto.
Procurado pela Folha, o empresário não se manifestou sobre a suposta carona. A assessoria de Palocci não tinha se manifestado a respeito do assunto até ontem à noite.
|