O agora ex-deputado José Dirceu (PT) será intimado pelo Ministério Público de São Paulo para depor sobre seu suposto envolvimento em esquema de cobrança de propinas na cidade Santo André (SP). Cassado no último dia 30, Dirceu perdeu a imunidade parlamentar e, com isso, abriu as condições legais para que fosse convocado. Até a perda do mandato, ele tinha foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, o MP ainda não fixou data para o depoimento do ex-parlamentar. Dirceu é acusado por João Francisco Daniel, irmão do ex-prefeito da cidade Celso Daniel (PT), de ser um dos receptadores do dinheiro supostamente arrecadado de forma ilegal no município.
João Francisco fundamenta a acusação citando como fonte o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho - que nega a versão. O irmão de Celso Daniel diz ter ouvido do próprio Carvalho detalhes das irregularidades: segundo João Francisco, o assessor de Lula lhe teria confidenciado que, numa ocasião, entregou diretamente a Dirceu R$ 1,2 milhão em espécie. O dinheiro abasteceria o esquema de caixa 2 do PT para fins eleitorais.
João Francisco também defende que seu irmão foi assassinado em 2002 porque se oporia ao suposto esquema. Celso Daniel foi seqüestrado no dia 18 de janeiro de 2002 e encontrado morto a tiros dois dias depois, em uma estrada vicinal da grande São Paulo. O MP também defende a tese de motivação política - discordando do inquérito preliminar da Polícia Civil, que concluiu se tratar de crime comum. A pedido do governo do Estado, a polícia reabriu o caso.
Em junho de 2002, meses após a execução de Celso Daniel, o MP de São Paulo já tinha tentado investigar o ex-deputado, sem sucesso. Na época, o então procurador-geral de Justiça do Estado, Luiz Antonio Marrey, solicitou ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que fosse aberto inquérito policial para apurar as acusações. O STF indeferiu o requerimento.
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