O repasse de R$ 1 milhão do PT para uma das contas da Coteminas, empresa do vice-presidente José Alencar, será objeto de investigação da CPI dos Correios. Ontem, o sub-relator de movimentações financeiras da comissão, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), informou que pedirá hoje ao Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) e ao Bradesco, onde ocorreu o depósito, mais detalhes da operação. O depósito, mencionado ontem em reportagem do jornal Folha de S.Paulo, não aparece na contabilidade do PT nem consta das informações obtidas a partir da quebra de sigilo das 16 contas bancárias do partido. Fruet, no entanto, esclarece que não é possível afirmar que o dinheiro tenha sido proveniente do esquema de caixa dois do PT.
Por meio de seu advogado, o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares confirmou ter feito diversos depósitos na conta da Coteminas para cobrir gastos de campanha - sem, no entanto, precisar o valor e a forma como efetuou os repasses. Ainda de acordo com o advogado de Delúbio, Arnaldo Malheiros, a dívida do PT com a empresa é relativa à confecção de 2,75 milhões de camisetas na campanha de 2004. O débito seria de R$ 12 milhões.
Enquanto Delúbio confirma o pagamento, seu sucessor nas finanças petistas, Paulo Ferreira, negou qualquer repasse à Coteminas, disse que não há registro de pagamentos nas contas de 2005 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mas confirmou que a sigla deve cerca de R$ 11 milhões à empresa. Ouvido pelo jornal O Globo, Ferreira garante que o PT está sem dinheiro e, hoje, não tem condições de pagar "ninguém".
Ontem, o presidente da Coteminas e filho de Alencar, Josué Gomes da Silva, confirmou ter recebido o dinheiro em espécie do PT para quitar parte do débito de R$ 12 milhões. Sem mencionar valores, ele adiantou que a sigla deve quitar o restante em breve e disse não acreditar que o dinheiro tenha origem irregular. Já o Planalto se manifestou garantindo que caberá ao PT e à Coteminas dar mais detalhes sobre a operação.
Parlamentares da oposição suspeitam que o pagamento à empresa de Alencar faça parte do esquema de caixa dois, assumidamente operado pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares para arcar com custos de campanha em 2002 e 2004.
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