O prefeito de São Paulo, José Serra, anunciou na tarde de ontem, em uma entrevista coletiva, que vai deixar a prefeitura para concorrer a governador de São Paulo pelo PSDB. "São esses os ideais que agora me fazem tomar a decisão que anuncio hoje. Que me fazem trocar uma posição conquistada e sob esse aspecto bastante confortável pelo risco de mais uma batalha", acrescentou.Serra disse ter se convencido de que a melhor maneira de servir à população de São Paulo seria manter a parceria entre a prefeitura, que será assumida pelo seu vice, Gilberto Kassab (PFL), e o governo do Estado. "É a decisão mais difícil que eu já tomei na minha vida (...) mas é necessária", acrescentou.
Serra afirmou que a sua administração, em 15 meses, fez "mais do que outras" já fizeram em 48 meses e que foi um governo marcado por muito trabalho.
Ao final da entrevista, ele afirmou que o seu maior acerto como prefeito foi fazer nomeações de caráter técnico e não político para as secretarias. No entanto, ele afirmou que o seu maior erro foi a impaciência dos primeiros meses de governo, quando, segundo ele, a administração estava "emperrada".
Compromisso
Serra comentou a promessa que fez quando assumiu a prefeitura, de que cumpriria o mandato até o fim. Ele afirmou que no momento em que fez a declaração ele estava falando a verdade - era ao que ele pretendia. No entanto, disse ele, as ciscunstancias o levaram a aceitar o convite do PSDB de disputar o governo do Estado.
Segundo ele, a prefeitura está em um momento confortável se comparada a quando ele assumiu. Serra afirma que tem plena convição de que o novo prefeito vai dar continuidade a esse trabalho. Como um dos pontos que será mantido, Serra citou a composição do secretariado.
Susbtituição
Serra descartou nesta sexta-feira substituir Geraldo Alckmin na disputa pela Presidência da República, caso a campanha do colega tucano não decole. Questionado por um jornalista se estaria disposto a assumir o lugar de Alckmin na disputa presidencial, Serra foi direto: "O jogo não admite substituição, é algo que nem está no programa".
Decisão do partido
De acordo com o deputado federal Alberto Goldman (PSDB-SP), a decisão de lançar a candidatura de Serra ao governo paulista foi tomada de forma unânime pelo partido e não se tratou de uma decisão pessoal.
Na quarta-feira, segundo Goldman, tanto as bancadas federais quanto estaduais chegaram a esse acordo. "Nós vemos no Serra grandes chances de vencer as eleições em São Paulo", afirma. Goldman disse ainda que, para o PSDB é importante manter-se à frente do governo de São Paulo, o segundo maior orçamento do País.
Sobre o fato de Serra não ter sido indicado para concorrer à Presidência, Goldman reforça que, apesar de o prefeito ter grandes chances de vencer, o partido achou que lançar o nome de Geraldo Alckmin era a decisão mais correta.
Quanto à promessa de campanha de Serra de que ele cumpriria o mandato da prefeitura até o final, Goldman afirmou que Serra tem compromisso com os eleitores, mas que a maioria deles entende a decisão tomada agora. "Certamente vão apoiar ele no governo", afirmou.
As articulações para que Serra fosse o candidato tucano ao governo de São Paulo começaram antes da definição do nome de Geraldo Alckmin para disputar a Presidência pelo partido, no último dia 14.
Três pré-candidatos que tentavam a sucessão de Alckmin - o deputado federal Alberto Goldman, o ex-ministro da Educação Paulo Renato e o secretário municipal de governo, Aloysio Nunes Ferreira - sistiram da disputa antes mesmo do anúncio de Serra.
O único que persiste é o vereador José Aníbal. Ele afirma que vai insistir na candidatura e quer que o partido estabeleça um critério para a definição, como prévia ou pré-convenção. Caberá à Executiva estadual, que se reúne na segunda-feira, esta definição.
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