O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na tarde desta quinta-feira, em Puerto Iguazu, na Argentina, que investir na Bolívia daqui por diante é decisão exclusiva da Petrobras. Lula esteve reunido com os presidentes Hugo Chávez, Néstor Kirchner e Evo Morales para anunciar a decisão do grupo sobre a nacionalização dos hidrocarbonetos naquele país.
Sobre um dos assuntos mais sensíveis, o preço do gás, Lula foi vago e disse que a discussão permanecerá "amigável". "Qualquer outra pendência será discutida bilateralmente", declarou. Outro assunto complicado, o ressarcimento dos investimentos feitos pela Petrobras na Bolívia, também foi deixado de lado.
No início da entrevista coletiva, o presidente da Argentina, em nome de todos, reafirmou o que já havia sido divulgado ao longo da semana, de que não faltará gás em nenhum dos países.
Os líderes das quatro nações ratificaram a decisão de avançar no projeto do Gasoduto do Sul, no qual a Bolívia fará parte, e fortalecer a união da América Latina.
Falando pouco, Evo Morales enfatizou o momento histórico pelo qual passa seu país e pediu a compreensão dos vizinhos. "Conto com a solidariedade de todos para que possamos passar por essa etapa", disse.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deu graças pela atitude da Bolívia, que, para ele, a partir de agora conquista sua soberania. "A conseqüência certamente é positiva", apontou Chavez.
Lula fez questão de ressaltar que não acredita em um complô entre Venezuela e Bolívia, como se comentou ao longo da semana. "Durante muito tempo fomos dependentes dos EUA e da Europa", analisou Lula. "Agora estamos unidos para fazer uma América Latina forte e competitiva".
Negociação bilateral
Os quatro presidentes sul-americanos definiram que a negociação por gás da Bolívia será feita bilateralmente, informou um documento conjunto divulgado após a reunião da cúpula. No documento, os líderes acertaram que o abastecimento do gás é fundamental para a região.
De acordo com o comunicado, a discussão do preço do gás deverá ser racional e equilibrada. Lula, por sua vez, declarou que a reunião foi um sinal para os investidores de que existe diálogo na região. Também ressaltou que a comunidade internacional só mostrará confiança se os países sul-americanos estiverem unidos.
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