A Prefeitura de São Bernardo tem motivos para comemorar o Dia Mundial de Controle da Tuberculose, 24 de março, por apresentar de 1997 – quando o Programa Municipal foi reestruturado – a 2001, um aumento do índice de cura dos pacientes cadastrados. O excelente resultado é conseqüência do trabalho desenvolvido pelo município.
Dos 1392 casos registrados no Programa Municipal de Controle da Tuberculose, 72,4% foram curados em 1997 e 88,9% em 2001, superando o índice estipulado pelo Ministério da Saúde, que é de 85%. Esse resultado levou São Bernardo – única cidade do Estado de São Paulo, com mais de 700 mil de habitantes – a receber um prêmio no Fórum Estadual de Tuberculose, em setembro de 2002.
A Prefeitura de São Bernardo deve repetir o mesmo resultado em 2002. Dos 240 casos cadastrados, o Programa já apresenta 83% de índice de cura, sendo que 98 pacientes ainda se encontram em tratamento. Já o índice de abandono do tratamento, que era de 10,7% em 1997, diminuiu para 2,4% em 2001, superando inclusive o índice de 5% da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Devido aos bons resultados, o Programa de Controle da Tuberculose de São Bernardo recebeu, em fevereiro desse ano, a visita de um representante do Centro de Controle de Doenças de Atlanta, Estados Unidos; da coordenadora estadual do programa de tuberculose do Centro de Vigilância Epidemiológica e de três consultores técnicos do setor de pneumologia sanitária do Ministério da Saúde.
A visita teve como finalidade conhecer o programa municipal e saber como os dados coletados são armazenados e utilizados pelo município. O Governo Federal, que está trabalhando em parceria com os técnicos americanos, pretende aperfeiçoar e uniformizar o sistema de informatização dos dados em todo país. O grupo ficou impressionado com a união da equipe, com o procedimento em relação aos pacientes e com os estudos feitos a partir das informações cadastradas.
De acordo com o coordenador do Programa de Controle da Tuberculose, o médico Carlos Alberto de Oliveira, o sucesso é resultado do envolvimento de todas as pessoas. “Eles vestiram a camisa do programa. Este é o fator determinante para eficiência do trabalho”, disse. A equipe responsável é composta por cinco médicos, dois assistentes sociais, três enfermeiros, seis auxiliares de enfermagem, três agentes administrativos, duas psicólogas, um agente de campo, uma educadora e um sociólogo.
O tratamento supervisionado e os encontros realizados pelas psicólogas para debaterem sobre a doença, drogas, alcoolismo, fumo, entre outros assuntos são essenciais para o êxito do programa. O coordenador ressalta ainda que controlar o abandono ao tratamento é fundamental para que o bacilo não crie resistência aos medicamentos.
Tratamento Supervisionado – O tratamento é feito nas Unidades Básicas de Saúde ou em domicílio. Nas UBS’s, os pacientes chegam pela manhã e tomam os remédios sob a orientação de uma enfermeira. As visitas em domicílio acontecem, geralmente, a pacientes que são dependentes químicos, pessoas que já abandonaram outros tratamentos ou quando toda a família está contaminada. Os pacientes que seguem o tratamento e que não apresentam outras complicações levam o remédio para casa, por um período de 15 dias ou até um mês, época da nova consulta.
O paciente não é só amparado clinicamente mas também socialmente. “Através do levantamento feito pela assistente social, fazemos doação de cestas básicas, passe escolar e roupas. São ações que contribuem para a diminuição do abandono no tratamento. Muitas vezes, o paciente não tem dinheiro para vir às consultas e a falta de alimentação também prejudica o tratamento”, comentou o coordenador.
O tratamento, em geral, dura seis meses e é totalmente gratuito. A tuberculose óssea, cerebral ou em pacientes que possuem algum outro problema de saúde como a diabetes, pode prolongar o tratamento para até dois anos. Os pacientes são encaminhados pelas UBS’s ou clínicas particulares para o Ambulatório Municipal de Especialidades Médicas, onde são feitos os exames.
Em São Bernardo, a tuberculose pulmonar corresponde a 75% dos casos e os 25% restantes são referentes aos demais órgãos.
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