O presidente da CPI do Tráfico de Armas, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), comemorou o resultado do depoimento de Marcos Camacho, o Marcola. Para ele, o inquérito de Marcola confirmou suspeitas dos integrantes, mas foi reticente sobre o conteúdo da conversa. Mesmo assim, a agência Reuters afirma que Marcola garantiu que um telefonema feito de dentro do presídio pôs fim a rebeliões em penitenciárias do Estado."Foi um depoimento bastante proveitoso. Não podemos dar algumas informações sobre o depoimento, mas posso dizer que deu certezas à CPI que antes não estavam substanciadas como agora. Corroboraram nossas suspeitas", disse.
"Sobre o tráfico de armas, ele disse algumas coisas interessantes,mas sem roteiro definido, mas vamos declarar esses detalhes no relatório final do deputado Paulo Pimenta", comentou. Os nove deputados que integram a CPI do tráfico de armas deixaram as dependências da penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes no início da noite de hoje, depois de mais de quatro horas de depoimento.
Indagado sobre o possível acordo firmado entre a liderança do crime organizado e o Governo paulista para cessar os ataques, o presidente da CPI disse que Marcola não confirmou o tal acordo.
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), também se disse satisfeito com o depoimento de Marcola. O parlamentar destacou que a conversa não teve momentos de maior tensão. "Foi proveitoso e importante. Saímos com grande riqueza de material". Jungmann também foi cauteloso ao abordar o conteúdo do depoimento e disse que as declarações de Marcola são sigilosas.
Os nove membros da CPI do Tráfico de Armas chegaram, no início da tarde, à penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes para ouvir Marcos Camacho, o Marcola, apontado como líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Durante todo o depoimento, Marcola permaneceu algemado e acompanhado por dois agentes de segurança.
A comissão afirmou ainda que investigou a relação do PCC com os advogados Maria Cristina Rachado e Sérgio Wesley da Cunha. Eles teriam comprado a gravação de um depoimento de delegados de São Paulo no qual havia a informação de que líderes do PCC seriam tranferidos para presídios mais seguros. As tranferências são apontadas como o motivo principal para a onda de violência no Estado.
De acordo com Torgan, Marcola não confirmou ter dado a ordem para os ataques em São Paulo.
Segurança
Um forte aparato de segurança composto por mais de cem policiais entre Militares, Civis, Federais e do Policiamento Rodoviário foi utilizado para escoltar em 27 viaturas, a comitiva da CPI que seguiu desde o aeroporto Estadual de Presidente Prudente, até o Centro de Readaptação Penitenciária, unidade onde funciona o RDD, (Regime Disciplinar Diferenciado) em Presidente Bernardes.
Os deputados que saíram pela manhã de Brasília (DF), enfrentaram dificuldade no tráfego aéreo do aeroporto de Congonhas em São Paulo e seguiram para o aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos.
Seguiram em uma aeronave cedida pelo governo do estado, um jato HS-25 de prefixo PT-LHB que consumiu quatro mil litros de querosene de aviação ao preço unitário de R$ 3,6, o que resultou em R$ 14,4 mil somente para as duas viagens entre São Paulo e Prudente (ida e volta). Além dos nove parlamentares, Um taquigrafista, duas técnicas e um delegado da Polícia Federal, foram transportados na segunda viagem para o acompanhamento da oitiva.
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