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Não foi desta vez que Silvio Santos viu seu investimento em teledramaturgia trazer retorno. Ele empatou seu capital em equipamentos, construção de cidade cenográfica e até na contratação de elenco, mas aparentemente esqueceu que é preciso ter uma boa história para contar. Cristal faz jus ao próprio título: é cara e frágil.A audiência é baixa - começou com uma média de nove pontos e hoje não passa dos seis - e é resultado dessa insistência em adaptações hispânicas. Pior: o ibope deixou de ser apenas conseqüência dos erros e passou a ser um problema em si. A trama realmente tem falhas de produção e, para aumentar a lista de problemas, egos inflados causam desentendimentos internos. Pelo jeito, o fracaso subiu à cabeça de algumas figuras da equipe.
Quando falta uma boa história, não há grandes alternativas para acertar no resto. O texto é uma adaptação de uma produção mexicana, que já era uma adaptação de uma produção venezuelana. E a trama muito pouco verossímil, ainda mais em comparação às novelas supernaturalistas produzidas no Brasil. Como a história não seduz, a tentação de mudar de canal é quase irresistível. Nem mesmo os nomes nos créditos chegam a ser um atrativo. A não ser por uns poucos atores de talento, como Bete Coelho e Giuseppe Oristânio, predomina no elenco artistas jovens e, em sua maioria, verdes.
Bianca Castanho, a protagonista, até que convence ao encarnar sua heroína sofredora e lacrimosa. Mas o seu par romântico, o fraquíssimo Dado Dolabella, só não é pior porque ele "interpreta" a si próprio. E mesmo assim, não consegue convencer. A impressão é que o único interesse de Dado era colocar duas músicas na novela e tentar emplacar na carreira de cantor. E a presença dele tem afetado, efetivamente, a produção. Ele chegou a se desentender com o diretor Déo Rangel, que ficou sem dirigi-lo por um tempo.
E se não bastassem tantos tropeços, Silvio Santos dispensou o diretor de teledramaturgia da emissora Herval Rossano recentemente. Em seu lugar, recolocou Davi Grimberg. A mudança fragiliza toda a equipe, que não sente firmeza na produção. E é difícil acreditar que a trama não será encurtada para estancar a derrama de audiência da emissora de Silvio Santos. Quando as novelas do SBT eram a única alternativa às produções da Globo, este jeito mexicano de fazer novela até rendeu alguns pontinhos à emissora. Este filão, porém, parece ter se esgotado definitivamente.
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