Artistas e intelectuais que se reuniram como presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na casa do ministro da Cultura Gilberto Gil, na segunda-feira, entraram em conflito devido a afirmações sobre os escândalos de corrupção ocorridos no governo. O ator Paulo Betti disse que "não dá para fazer política sem sujas as mãos" e o compositor Wagner Tiso ressaltou não estar preocupado com a ética do PT.
"Não dá para fazer política sem botar a mão na merda", disse Betti ao jornal O Globo. "Não estou preocupado com a ética do PT. Acho que o PT fez um jogo que tem que fazer para governar o país", completou Tiso.
Segundoa Folha de S.Paulo, o ator José de Abreu reprovou a atitude dos colegas. "Eu acho difícil fazer política sem colocar a mão na merda, mas acho que tem que tentar ter mãos beatas", disse ele. O ator ainda pediu uma homenagem a José Dirceu, José Mentor e José Genoino, acusados de envolvimento com o mensalão.
Betti sustentou seu discurso á Folha: "Não vamos ser hipócritas: eu acho que não dá pra fazer política sem sujar as mãos. Tiso foi procurado, mas sua assessoria disse que ele estava indisponível. Apesar de reprovar a atitude de Betti e Tiso, Abreu disse entendê-la. "Como é que você vai conversar com alguns deputados que só pensam em dinheiro?, disse.
O ator Tonico Pereira também condenou o desdém à ética. "Não achei legal o que eles disseram. Se você não pensar nisso como possibilidade, então é melhor desistir. Eu persigo a ética na política."
O dramaturgo Augusto Boal não reprovou nem endossou as declarações de Tiso e Betti. Para ele, o termo "ética" não está sendo bem usado na campanha eleitoral. "Quando alguém usa a palavra ética, não revela qual a sua ética. Usa apenas para atacar alguém."
O cineasta Luiz Carlos Barreto foi o único ouvido que concordou com Tiso e Betti. "A política é um terreno pantanoso, a ética é de conveniência. Se o fim é nobre, os fins justificam os meios", afirmou.
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