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Cerca de 400 estudantes tomaram ruas da zona sul do Rio em protesto contra a absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no processo em que era acusado de receber dinheiro de lobista de empreiteira para pagar despesas pessoais. Com músicas e cartazes contra a 'pizza' produzida pelo Senado, a passeata contagiou a população nos bairros onde passou.
Motoristas parados no trânsito buzinavam no ritmo das palavras de ordem; das janelas dos prédios, empregadas e donas-de-casa acenavam; comerciantes, policiais e taxistas apoiaram e se divertiram. Até crianças de duas escolas municipais por onde a passeata passou aderiram ao 'Fora Renan'. "Eles dão uma resposta à revolta de todos nós", disse a artesã Mônica de Araújo. "Estou encantada. São os estudantes que vão puxar nossa mobilização", afirmou a empresária Denise do Rêgo Macedo.
A passeata - ou "cortejo fúnebre pela ética", como classificou o vocalista dos Detonautas, Tico Santa Cruz - começou na PUC, atravessou Gávea, Lagoa, Leblon e terminou na praça General Osório, em Ipanema, com aplausos à estudante Monica Ayres Almeida, 22 anos, idealizadora do ato, que não teve caras-pintadas nem bandeira de partido. Até membros da UNE foram vaiados - a entidade, ligada ao governista PCdoB, não protestou contra a absolvição de Calheiros.
Os organizadores tentaram encerrar a passeata três vezes, mas nada continha a empolgação dos estudantes. "Demos o pontapé inicial para outros protestos", afirmou o diretor-executivo do Diretório Central dos Estudantes da PUC, Marcelo André Queiroz, 22 anos.
Quarto processo
O ato uniu o que a política do Rio separou: as famílias Cabral e Garotinho estavam representadas por Marco Antônio Neves Cabral, filho do governador Sérgio Cabral, e Clarissa Matheus, filha dos antecessores Anthony Garotinho e Rosinha.
Em Brasília, o Conselho de Ética do Senado recebeu a quarta denúncia contra Renan. Ele vai responder a novo processo, desta vez acusado de se beneficiar de esquema de propina em ministérios do PMDB.
Ontem o Supremo Tribunal Federal enviou à Procuradoria-Geral da República inquérito sobre ligações de Renan com lobista da Mendes Júnior. A PGR avalia se vai apresentar denúncia.
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