O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou nesta quinta-feira, por meio de um pronunciamento pela TV, seu afastamento da presidência da Casa. O parlamentar negou que tenha utilizado os poderes de presidente da Casa em benefício próprio. "Não lancei mão das prerrogativas de presidente do Senado em meu benefício contra quem quer que seja", disse o senador.
"O poder é transitório, enquanto a honra é um bem permanente que não sacrifico em nome de nada", afirmou o parlamentar. "Aguardarei serenamente que a Justiça e a verdade prevaleçam", completou.
Calheiros foi alvo de cinco representações no Conselho de Ética do Senado por quebra de decoro parlamentar, mas sempre havia se recusado a deixar o cargo. O afastamento do cargo é previsto pelo regimento interno do Senado e vale por 45 dias.
Ao se defender das denúncias contra ele, o parlamentar questionou as representações enviadas ao Senado. "As representações foram enviadas sem qualquer indício ou prova ao Senado Federal", disse.
Calheiros foi absolvido do primeiro processo, mas ainda deve enfrentar outros quatro. O presidente do Senado sofria pressão de grande parte dos senadores para se afastar da presidência.
Na manhã desta quinta-feira, Calheiros se reuniu com aliados em sua residência oficial. Assessores também foram chamados para a reunião.
A avaliação feita por aliados foi que a permanência de Calheiros poderia comprometer a votação de matérias importantes, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prorroga a CPMF até 2011. O afastamento deve agradar o governo, já que quem ocupará o cargo é o vice-presidente Tião Viana (PT-AC).
A saída da presidência também serve para acalmar os ânimos da oposição, além de resultar na possibilidade de Calheiros manter o mandato de senador.
O governo avalia ainda que a saída do alagoano não afeta a relação com o PMDB, partido imprescindível nas votações da Casa. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), Roseana Sarney (PMDB-MA) e José Sarney (PMDB-AP) continuariam como interlocutores entre o Palácio do Planalto e o Congresso.
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