Acreditava-se que o século XXI seria transformador, que o homem, nobre com princípios como o da alteridade, do cuidado com os seres e todos os tipos de vida de seu pequeno planeta e que teria um profundo zelo pelos bens da Terra. Mas, nada disto aconteceu. O desenvolvimento da tecnologia produziu formas cada vez mais aperfeiçoadas de destruição.
Grandes impérios construídos com saque e espoliação de outros países, continuam alimentando sua ganância ilimitada de riqueza material, seu poder bélico e seu Deus Moeda com o sacrifício de milhares de vidas e da biodiversidade planetária.
Não é novidade para ninguém que Saddam Hussein é um ditador sanguinário e que Bush está apenas interessado no petróleo iraquiano.
No Jornal do Brasil (7 jan-03), Leonardo Boff escreveu que se o Iraque fosse um país de tâmaras e laranjas ninguém lembraria de sua existência.
Assim como o pequeno Paraguai, na segunda metade do século XIX, só foi percebido pela Inglaterra - maior potência imperialista da época - porque possuía avançada indústria siderúrgica, produzindo seus próprios trilhos, instrumentos agrícolas, armas, pólvora, enfim, industrializado, auto-suficiente e independente da chamada “Potência onde o Sol nunca se põe”. Segundo ela, um mau exemplo, representava o eixo do mal na América, teria que ser destruído. E assim aconteceu. Arrasado, hoje, mais de um século depois não conseguiu se reconstruir.
Poderíamos repetir centenas de histórias idênticas onde os personagens dominantes dos últimos séculos, as duas grandes potências econômicas do mundo moderno e contemporâneo: Inglaterra e EUA.
Em 1898 o historiador Hans Delbruck afirmava “... com a Inglaterra significa paz; contra ela, a guerra”. Não é por acaso que o experiente primeiro ministro inglês Tony Blair, imediatamente aliou-se ao seu companheiro imperialista contra o Iraque.
Tudo isto gera outra grande preocupação para nós brasileiros. Faz lembrar de tantos textos publicados sobre a Amazônia e a cobiça internacional , principalmente norte-americana. Al Gore deixou bem claro: “Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós”. Pode ser apenas uma frase mas como dizia Hitler: “A maior mentira dita em frases curtas e repetidas constantemente transformam-se na maior verdade”. Certamente qualquer pessoa com um mínimo de senso crítico poderá citar inúmeros exemplos em nosso cotidiano do poder da ideologia.
Crianças e jovens norte-americanas, amanhã: adultos; provavelmente irão querer a posse do que aprenderam que é deles.
No fim do século XX, estimulados por Fritjof Capra acreditava-se que a passagem para o século XXI, seria o Ponto de Mutação para o nascimento de uma sociedade humana onde a ética, a estética, a solidariedade seriam referenciais básicos concretos para uma nova ordem social. Ainda continuamos sonhando!
(*) Marlene Ana Kiewel é historiadora e escritora, em Curitiba/PR (ceebja@yahoo.com.br)
|