Apesar de acreditarem, mais uma vez, que o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deva ser cassado, senadores da oposição temem que a votação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) possa ajudar o peemedebista a ser absolvido. Para a oposição, a base pode ajudar Calheiros em troca de votos para a aprovação do chamado imposto do cheque.
Os parlamentares lutam para que a base não se deixe levar pelo anseio de aprovar a CPMF. A expectativa da oposição é que não se repita na semana que vem o que aconteceu no primeiro processo contra Calheiros, quando a maioria disse que votaria pela cassação, mas o resultado foi diferente.
"O Senado está em cheque. Da última vez, o Senado mostrou que tem duas caras. Uma no Conselho e outra no Plenário. Se a Casa reeditar a vergonha, ficará claro que houve troca de votos (de o governo ajudar a absolver Renan para aprovar a CPMF). Eu receio, mas espero que isso não aconteça", disse o líder do Democratas, José Agripino Maia (RN).
O senador Demóstenes Torres (Democratas-GO) fez a mesma avaliação. Apesar de se dizer confiante, ele admite que o governo precisa do PMDB, o que pode prejudicar a cassação de Calheiros. "O que sentimos nas conversas, nos bastidores, é que o Renan vai ser cassado. Isso é o que está na praça. Mas temos que lembrar também que o governo precisa do PMDB a todo custo", disse.
Última chance
Os senadores da oposição acreditam que esta é a última chance de cassar o presidente licenciado. Mesmo respondendo a outros dois processos no Conselho de Ética, os parlamentares afirmam que, se não perder o mandato agora, ele não perderá mais.
As denúncias de que Calheiros usou laranjas para comprar emissoras de rádios em Alagoas seriam as mais fortes de todas as representações. "Acredito piamente que essa é a última chance de ele ser cassado. Temos provas fortíssimas sobre esse caso", avaliou Demóstenes Torres.
O relatório de Jefferson Peres (PDT-AM), que pede a cassação do peemedebista, foi aprovado nesta quarta-feira no Conselho de Ética. O processo deve ir a voto já na semana que vem. Na mesma sessão do colegiado, os senadores arquivaram a representação que acusava Calheiros de beneficiar a empresa Schincariol.
Mais dois processos estão no Conselho: o que investiga se Calheiros participou de um esquema de desvio de dinheiro em ministérios comandados pelo PMDB e outro para apurar se ele mandou investigar seus colegas Demóstenes Torres e Marconi Perillo (PSDB-GO).
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