O pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, exibido na quinta-feira,27, à noite em cadeia nacional de rádio e TV, foi duramente criticado pela oposição. Os comandos do Democratas e do PSDB condenaram o balanço feito pelo presidente. Segundo os oposicionistas, Lula mentiu ao afirmar que a saúde passará por dificuldades devido ao fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
Para o presidente nacional do Democratas, deputado Rodrigo Maia (RJ), Lula "deveria cortar gastos públicos em vez de sinalizar que vão faltar investimentos para a saúde".
A primeira-vice-presidente do PSDB, senadora Marisa Serrano (MS), afirmou que ao tratar do crescimento econômico, o presidente quer negar a história brasileira por atribuir o êxito à sua gestão.
"O que assistimos hoje na economia, por exemplo, é resultado de todo o trabalho efetuado ao longo dos últimos anos desde o governo Itamar Franco. Não é construção de um homem só. É negar a história do país. É um governo que fala muito e faz pouco", argumenta a senadora.
Rodrigo Maia divulgou nota oficial sobre o balanço feito por Lula. Em seis parágrafos, o presidente do Democratas critica os principais pontos abordados por Lula - CPMF, crescimento econômico, investimentos na área social e as questões ambientais.
"É deprimente ouvir um presidente da República, que está há tanto tempo no poder, manifestando intenções, fazendo promessas e lançando programas, em vez de prestar contas do que faz no governo", diz a nota de Maia.
No pronunciamento, Lula lamentou a rejeição da CPMF pelo Senado. Segundo ele, os investimentos na saúde foram truncados pelo fim da prorrogação da cobrança da contribuição.
"Infelizmente, esse processo foi truncado com a derrubada da CPMF, responsável em boa medida pelos investimentos na saúde. Como democrata, respeito a decisão tomada pelo Congresso", afirmou o presidente.
Segundo o PSDB e o Democratas, o governo dispõe de recursos suficientes para investir em saúde, sem ter de recorrer à arrecadação da CPMF.
Gerenciamento
Para os democratas, uma das soluções é o corte de gastos públicos. Já os tucanos sugerem que Lula dê prioridade à saúde ao gerenciar os investimentos públicos.
"O fim da CPMF não causará transtorno algum ao país porque há recursos de sobra para gerir o Estado com segurança e equilíbrio fiscal. Basta que o presidente Lula controle seus gastos. Hoje o maior ralo do dinheiro dos impostos são os gastos públicos", afirmou Maia.
Marisa Serrano também reagiu à fala do presidente.
"O que ele (Lula) tem feito é sempre culpar alguém. Gestão é jogar com prioridades e saúde é uma delas. O que não se pode fazer é dizer que a oposição é favorável ao 'quanto pior, melhor', como o presidente costuma dizer."
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