Grupos de oposição ao governo iraquiano disseram ter informações de que o presidente Saddam Hussein não apenas sobreviveu ao bombardeio arrasador que atingiu Bagdá no começo desta semana, como também conseguiu abandonar a capital do país com pelo menos um de seus filhos.
O líder do Congresso Nacional Iraquiano, Ahmad Chalabi, declarou à CNN, nesta quarta-feira, que os relatos recebidos – ainda não confirmados – indicam que Saddam refugiou-se na cidade de Baqubah, a nordeste de Bagdá.
"Não temos qualquer prova de que eles tenham sido mortos no ataque", ressaltou. "Sabemos que pelo menos Qusay, seu filho, sobreviveu e que Saddam está ocupando algumas casas na área de Diyala".
As mesmas fontes de Chalabi deram conta de que o general Ali Hassan al-Majid – primo de Saddam, apelidado de "Ali Químico" – foi ferido, mas ainda está vivo e se encontra na mesma área.
Na segunda-feira à noite, em um dos ataques mais violentos da coalizão anglo-americana contra alvos em Bagdá, quatro bombas totalizando 3,6 toneladas de explosivos, arrasaram um prédio onde Saddam estaria escondido com os filhos Qusay e Uday.
Chalabi mostrou simpatia à coalizão por ter libertado o Iraque, mas também expressou irritação com a assistência escassa que cidades importantes, como Nasiriya e Basra, vêm recebendo.
Enquanto os problemas humanitários e de infra-estrutura persistirem, o Iraque continuará vivendo na instabilidade, a despeito dos avanços militares dos norte-americanos e seus aliados, disse Chalabi.
O dirigente de oposição pediu que seja feita uma "de-Baathificação" – uma referência ao partido Baath, de Saddam Hussein – de todo o país.
"Não há, de forma alguma, segurança dentro da situação atual", alertou. "As tropas norte-americanas derrotaram Saddam militarmente. Isso nunca foi um problema. A questão é o partido Baath e seus remanescentes, que continuarão representando uma ameaça".
Chalabi também indagou o motivo de os chefes militares da coalizão permanecerem no Kuwait, uma vez que o vizinho sul do Iraque tem uma "grande necessidade de ajuda".
"É muito importante que estejam no sul do Iraque", sustentou, explicando que a população local está "sem posses" e precisa de poder.
"Eles têm que sentir que fazem parte do processo político", acrescentou.
"Onde está o general Garner agora?", perguntou Chalabi, referindo-se ao general da reserva norte-americano Jay Garner, que deverá chefiar a reconstrução do Iraque.
"As pessoas precisam de assistência em Nasiriya", prosseguiu. "Por que eles não estão lá? Por que não trabalham para restabelecer a luz e a água? Por que estão no Kuwait? As pessoas estão famintas. Seus suprimentos estão acabando. É preciso restaurar os serviços básicos".
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