A terceira maior operadora de telefonia celular do Brasil, TIM, inicia na terça-feira sua campanha de "relançamento" em um esforço de marketing e operacional que pode incluir a aquisição da operadora fixa Intelig para reduzir a conta de 4 bilhões de reais por ano que a empresa tem com custos de rede.
Em entrevista com jornalistas para anunciar mudança do mote da TIM de "Viver sem fronteiras" para "Você, sem fronteiras", o presidente da operadora, Luca Luciani, evitou várias vezes comentar em que nível estão as negociações com o grupo Docas Investimentos, atual dono da rede de cerca de 500 mil quilômetros da Intelig, mas reafirmou a importância da empresa para a TIM.
Segundo o executivo, a Intelig reforçaria a infraestrutura fixa de fibras óticas da TIM no país em momento em que os custos de rede da operadora de origem italiana somam cerca de 1 bilhão de reais por trimestre.
Mas ele evitou informar em quanto a TIM poderia reduzir essa conta com a incorporação da Intelig e não informou se a empresa já teria um plano de financiamento para uma eventual aquisição.
Entretanto, ao responder a uma pergunta sobre a possibilidade de um acordo estar garantido para a compra da Intelig, Luciani, bem humorado, sorriu e piscou para a jornalista que fez a questão.
Luciani informou que apesar das negociações para uma eventual aquisição da Intelig, a TIM seguirá com os planos para construir redes de anéis de fibra ótica nas principais capitais do país para melhorar sua eficiência no transporte de dados.
A empresa tem orçamento de investimento de 2,3 bilhões de reais no Brasil em 2009, dos quais 60 por cento será destinado à infraestrutura de rede.
"Vamos atacar todo o mercado de telecomunicações e o que é fundamental é combinar acesso móvel com fibra ótica", disse Luciani.
A empresa vai reformular seu portfólio de ofertas a partir do segundo trimestre, segmentando produtos para públicos específicos, como foi o caso do serviço de Internet móvel pré-pago lançado recentemente. O foco da empresa no relançamento está em atrair a simpatia dos clientes e evitar interesse "mercantil" dos usuários por ofertas cada vez mais agressivas.
"O mercado hoje tem todas as empresas em GSM e todas com cobertura nacional e isso em 2008 disparou uma guerra de preços e subsídios, criou uma relação absolutamente mercantilista com o cliente e esse tipo de comportamento é que está destruindo o valor da indústria", disse na coletiva o diretor de marketing da TIM, Rogério Takayanagi.
Sobre a interposição de recurso do grupo Telco contra decisão da Comissão de Valores Mobiliários que o obriga a fazer oferta pelas ações ordinárias da TIM Participações, Luciani não fez qualquer comentário afirmando que cabe aos acionistas da Telecom Italia responder.
Nesta segunda-feira, uma fonte afirmou à Reuters em Milão que o grupo Telco apelou da decisão e com isso, se a CVM decidir manter sua decisão após o recurso, a Telco terá 18 dias para fazer o registro da oferta pública que poderá implicar em gasto de cerca de 1 bilhão de reais.