Na última terça-feira, 10 de junho de 2025, o dólar encerrou o dia em alta de 0,14%, cotado a R$ 5,5699, após uma sessão marcada por volatilidade. O Ibovespa, por sua vez, registrou um avanço de 0,54%, fechando aos 136.436 pontos. O movimento dos mercados foi influenciado por três fatores principais: a divulgação do IPCA de maio no Brasil, as expectativas em torno de um novo pacote fiscal do governo brasileiro e o segundo dia de negociações comerciais entre Estados Unidos e China.
Dólar comercial
- Compra: R$ 5,568
- Venda: R$ 5,569
Dólar turismo
- Venda: R$ 5,595
- Compra: R$ 5,775
IPCA de Maio: Alívio para a Inflação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, divulgado pelo IBGE, trouxe um respiro para os investidores. Com um aumento de 0,26%, o índice ficou abaixo das projeções do mercado, que esperava 0,37%. Esse resultado representa uma desaceleração de 0,17 ponto percentual em relação ao mês anterior, indicando uma melhora na inflação corrente.
O grupo Habitação foi o principal impulsionador da alta, com avanço de 1,19%, influenciado pela bandeira amarela nas contas de energia elétrica residencial. No entanto, a queda nos preços de passagens aéreas, gasolina e alguns alimentos, como tomate e arroz, ajudou a aliviar o índice geral.
Essa desaceleração foi bem recebida pelo mercado, que acompanha de perto os esforços do Banco Central (BC) para controlar a inflação, mantendo a taxa Selic em um patamar elevado de 14,75%. A lógica é que juros mais altos desestimulam o consumo e, consequentemente, ajudam a controlar a inflação.
Apesar da melhora em maio, o IPCA acumulado nos últimos 12 meses permanece em 5,32%, ainda acima da meta do BC de 4,5%. Segundo Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, "o resultado está em linha com nossa visão de melhora relativa da inflação corrente: continua incompatível com a trajetória de metas, mas melhora em relação ao panorama muito ruim visto nos primeiros meses do ano".
Impasse do IOF e Novo Pacote Fiscal
A cautela dos investidores também se deveu à espera de um novo pacote de medidas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O governo busca compensar a provável revogação do recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que gerou forte reação no mercado.
Após reunião com o presidente Lula, Haddad confirmou que o governo enviará ao Congresso as medidas discutidas, entre elas:
- Fim da isenção do Imposto de Renda (IR) para Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), que teriam alíquota de 5%.
- Aumento da tributação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para instituições financeiras, incluindo fintechs, de 9% para 15% e 20%.
- Elevação da taxação de apostas esportivas de 12% para 18%.
- Unificação da cobrança de IR sobre aplicações financeiras em 17,5%, substituindo as alíquotas atuais que variam de 15% a 22,5%.
Além disso, o governo pretende reduzir o gasto tributário em pelo menos 10% e discutir a redução de gastos primários. Contudo, o mercado recebeu as propostas com ressalvas, avaliando que o foco deveria ser a eficiência dos gastos públicos e reformas estruturais, e não apenas novas formas de arrecadação.
O impasse em torno do IOF surgiu há cerca de duas semanas, quando o governo anunciou o aumento do imposto junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento. A reação negativa do mercado levou o governo a recuar de parte da medida no mesmo dia, e o Congresso iniciou movimentos para derrubar o decreto presidencial, algo inédito nos últimos 25 anos. Essa situação levou o governo a negociar uma proposta alternativa com os presidentes da Câmara e do Senado.
Negociações EUA x China: Impacto Global
No cenário internacional, o mercado acompanhou de perto o segundo dia de negociações comerciais entre Estados Unidos e China em Londres, focadas em tarifas de importação e acesso a minerais de terras raras.
As conversas, que contam com a participação de importantes figuras como o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, são cruciais para a estabilização das relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo. O secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, indicou que as negociações estão progredindo bem e podem se estender até a quarta-feira.
O encontro busca consolidar a trégua temporária firmada em maio, após a qual os EUA acusaram a China de não cumprir compromissos, especialmente em relação à exportação de terras raras. A situação é monitorada de perto pelos investidores, que temem que uma guerra comercial mais intensa possa prejudicar os lucros corporativos e desorganizar as cadeias de suprimentos globais, com impacto negativo na economia mundial. O aumento de tarifas sobre importações pode elevar preços, pressionar a inflação e reduzir o consumo, podendo levar a uma desaceleração da economia global.