Polícia Civil vai investigar ameaças de morte a deputadas de SP

 

Politica - 12/06/2025 - 18:11:20

 

Polícia Civil vai investigar ameaças de morte a deputadas de SP

 

Da Redação com Abr

Foto(s): Divulgação / ALESP

 

Parlamentares receberam mensagens misóginas e racistas por e-mail

Parlamentares receberam mensagens misóginas e racistas por e-mail

O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), órgão da Polícia Civil de São Paulo, vai investigar as ameaças de estupro e de morte que foram endereçadas por e-mail para todas as parlamentares mulheres da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O inquérito será feito por meio da Delegacia de Polícia sobre Violação de Dispositivos Eletrônicos e Redes de Dados da Divisão de Crimes Cibernéticos (Dcciber).

“Diligências estão em andamento para identificar a autoria do delito. Mais detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial”, diz a nota encaminhada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, 

Até o momento, ninguém foi preso. A abertura das investigações foi confirmada às deputadas ontem (11), mais de uma semana depois de elas terem protocolado notícia-crime sobre o episódio, no dia 2 de maio. 

No documento, as parlamentares pediram a “apuração de ameaças misóginas e racistas” que foram encaminhadas a elas e citaram que a mensagem criminosa citava tentativas de invasão à Alesp com uso da força armada e continha ameaças de violência sexual, de lesão corporal grave, de maus tratos a animais, de estupro coletivo e corretivo e de feminicídio. Além disso, a mensagem era racista.

As parlamentares receberam as ameaças no dia 31 de maio. Nem todas receberam o e-mail com as ameaças, mas a mensagem criminosa era endereçada a todas.

O homem que assina o e-mail já foi identificado pela polícia e é investigado, mas ele alega que é inocente e que teve seus dados utilizados na mensagem como forma de incriminá-lo. O celular e o computador do suspeito, de 28 anos, foram apreendidos para perícia. 

“Nossa expectativa é que a Polícia chegue logo ao autor ou autores desse crime, pois seguimos trabalhando, naturalmente expostas pela atividade pública que desempenhamos, e quase duas semanas depois, ainda não temos respostas”, disse, em nota, a deputada Andréa Werner, líder do PSB na Casa e uma das quatro parlamentares nominadas no texto do e-mail.

Segurança

Segundo as deputadas, a Alesp começou a elencar pontos vulneráveis de segurança que serão postos em um documento a ser entregue pelas forças policiais à presidência da Casa. Mas, até agora, afirmam, nada foi feito para que fosse garantido segurança para as parlamentares.  

Procurada, a Alesp informou que há um compromisso da Casa com “a segurança de todos que atuam direta ou indiretamente no Parlamento Paulista” e que “os protocolos de segurança para acesso ao prédio do Legislativo foram ainda mais reforçados e as polícias militar e civil foram acionadas para apuração do ocorrido”.

Na semana passada, a deputada Beth Sahão (PT) fez uma solicitação para que a Polícia Federal também passe a investigar o caso. 

“Eu encaminhei o e-mail que recebi à Polícia Federal e eles abriram um inquérito”, disse ela, em entrevista.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, também decidiu designar um promotor de Justiça,veja destaque da matéria abaixo, para acompanhar as investigações.


Ministério Público apura ameaças direcionadas a deputadas de São Paulo

Deputada pediu que Polícia Federal também investigue o caso

Publicado em 05/06/2025 - 19:14

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, designou um promotor de Justiça para acompanhar as investigações sobre as ameaças feitas a todas as deputadas estaduais da Assembleia Legislativa de São Paulo.

No último sábado (31), todas as deputadas receberam e-mail com ameaças de morte e de estupro. A mensagem tinha teor violento e ofensivo e citava nominalmente algumas das parlamentares, embora  tenham sido direcionadas para todas as 24 deputadas que compõem a Casa Legislativa de São Paulo.

Na última segunda-feira (2), a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que está investigando um suspeito, de 28 anos de idade, que teve computador e telefone celular apreendidos. Segundo o Ministério Público, o autor da mensagem se identifica como “masculinista” e diz que enviou o e-mail com “criptografia militar”, que está no “esgoto da Grande SP” e que só irá para superfície quando for praticar atos de terrorismo contra seus alvos.

Conforme explicou a deputada Beth Sahão (PT), o autor é identificado nos próprios e-mails. “Ele coloca o nome e o CPF dele. Mas ele nega [ter feito as ameaças], dizendo ter sido usado. Apreenderam o celular e o computador dele para perícia, mas agora é aguardar para ver se há evidências de que ele é o culpado ou se agiu sozinho ou se não é ele. Há instrumentos hoje para se chegar aos culpados. Única coisa que não vale hoje é a impunidade. Por isso estamos acompanhando com muita atenção o desenrolar dessas investigações”, disse ela.

Por causa dessas ameaças, a deputada fez uma solicitação para que a Polícia Federal também investigue o caso. “Eu encaminhei o e-mail que recebi à Polícia Federal e eles abriram um inquérito”, disse. 

“Não deixa de ser um cenário de horror quando deputadas da principal assembleia estadual da América Latina recebem esse tipo de ameaça. Isso nos assusta, nos preocupa e temos agora que pressionar de todos os lados para que tenhamos uma série de mudanças não só internamente, na Assembleia, com medidas mais enérgicas do ponto de vista da segurança, como também fora dela”.

Neste último caso, ela destacou como importante a discussão sobre a regulamentação das redes. “A rede não pode ser um espaço de ninguém, onde as pessoas falam aquilo que elas querem”, destacou.

Para a parlamentar, todas essas ameaças são consequência “da violência política de gênero que tem sido muito recorrente país afora, nas várias instâncias de poder”.

“Para além disso, você tem todo o machismo estrutural, que acaba se desenvolvendo nessa misoginia, nesse preconceito e nessa violência”, defendeu. “Trabalho com essa temática há muitos anos e isso é decorrente, em primeiro lugar, desse discurso disseminado de ódio nas redes sociais, associado ao fato de não termos políticas públicas, inclusive nas escolas, que possam mitigar um pouco essas questões”,concluiu.

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